G20: Lula defende governança soberana em minerais críticos e IA

O presidente Lula fez um alerta para a necessidade de se discutir a soberania dos países sobre o conhecimento e o valor agregado dos minerais críticos. Lula discursou durante a última sessão temática da Cúpula de Líderes do G20 – grupo das maiores economias do mundo, em Johanesburgo, na África do Sul.

Na pauta, os minerais críticos, a inteligência artificial e o trabalho decente. Temas que também estiveram presentes nas discussão da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), encerrada neste final de semana, em Belém, no Pará. “A forma como nós integrarmos esses três vetores do desenvolvimento definirá não apenas o nosso presente, mas o futuro das próximas gerações”, afirmou o presidente.

Os minerais críticos são recursos essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética, cuja oferta está sujeita a riscos de escassez ou dependência de poucos fornecedores. Eles incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.

Para Lula, a transição energética oferece a oportunidades de ampliação das fronteiras tecnológicas e de ressignificar o papel da exploração dos recursos naturais. “Os países com grande concentração de reservas de minerais não podem ser vistos como meros fornecedores, enquanto seguem à margem da inovação tecnológica. O que está em jogo não é apenas quem detém esses recursos, mas quem controla o conhecimento e o valor agregado que deles derivam”, disse aos líderes.

Foto: Ricardo Stuckert / PR

“Falar sobre minerais críticos também é falar sobre soberania. A soberania não é medida pela quantidade de depósitos naturais, mas pela habilidade de transformar recursos através de políticas que tragam benefícios para a população. Precisamos de investimentos ambientalmente e socialmente responsáveis, que contribuam para fortalecer a base industrial e tecnológica dos países detentores de recursos”, afirmou.

IA e trabalho decente

No mesmo sentido, o presidente argumentou que a inteligência artificial (IA) representa uma “oportunidade única” para impulsionar o desenvolvimento das nações de forma equitativa. “[A IA] promove a inovação, aumenta a produtividade, estimula práticas sustentáveis e pode melhorar a vida das pessoas de maneira concreta. O grande desafio não é apenas dominar a ferramenta, mas trabalhar para que todos possam utilizá-la de forma segura, protegida e confiável”, disse.

“Quando poucos controlam os algoritmos, os dados e as infraestruturas atreladas aos processos econômicos, a inovação passa a gerar exclusão. É fundamental evitar uma nova forma de colonialismo: o digital. É urgente que as maiores economias do mundo aprofundem o debate sobre a governança da IA e que as Nações Unidas sejam o centro dessa discussão”, acrescentou.

Discurso do presidente Lula durante a Cúpula de Líderes do G20, em Johanesburgo, na África do Sul (Imagens: Canal GOV / EBC)

Por fim, o presidente defendeu que o desenvolvimento tecnológico venha atrelado a oportunidades de trabalho e proteção ao trabalhador, na medida em que 40% dos trabalhadores do mundo estão em funções altamente expostas à IA, sob risco de automação ou complementação tecnológica. “Cada painel solar, cada chip, cada linha de código deve carregar consigo a marca da inclusão social”, disse. “Devemos criar pontes entre os setores tradicionais e emergentes. A tecnologia deve fortalecer, e não fragilizar os direitos humanos e trabalhistas”, afirmou aos líderes do G20.

com informações da Agência Brasil

Governo dos EUA retira tarifa de 40% sobre produtos do Brasil como café e carne

com informações da Agência Brasil

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a retirada da tarifa de importação de 40% sobre determinados produtos brasileiros. Constam na lista divulgada pela Casa Branca produtos como café, chá, frutas tropicais e sucos de frutas, cacau e especiarias, banana, laranja, tomate e carne bovina.

Na ordem executiva publicada pela Presidência dos EUA, Trump diz que a decisão foi tomada após conversa por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, “durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as questões identificadas no Decreto Executivo 14.323”. De acordo com a publicação, essas negociações ainda estão em andamento.

Além disso, foram consideradas informações e recomendações adicionais de diversas autoridades que têm acompanhado as circunstâncias relativas ao estado de emergência declarado no Decreto Executivo 14.323. Segundo as recomendações recebidas por Trump, “certas importações agrícolas do Brasil não deveriam mais estar sujeitas à alíquota adicional de 40% imposta pelo Decreto Executivo 14.323, porque, entre outras considerações relevantes, houve progresso inicial nas negociações com o Governo do Brasil”, especifica a publicação oficial.

Foto: Aaron Kittredge / Pexels.com

A Casa Branca divulgou, em um anexo, a lista de produtos que deixam de ser afetados pela alíquota de 40%. “Especificamente, determinei que certos produtos agrícolas não estarão sujeitos à alíquota adicional de imposto ad valorem imposta pelo Decreto Executivo 14.323″, diz o texto, ao acrescentar que, no entendimento de Trump, “essas modificações são necessárias e apropriadas para lidar com a emergência nacional declarada no Decreto Executivo 14.323”.

COP30: “Emergência climática é uma crise de desigualdade”, diz Lula na abertura da conferência da ONU sobre clima

com informações da Agência Brasil

O presidente Lula defendeu nesta segunda-feira (10/11) que a governança global precisa contribuir a favor de uma transição justa para economias de baixo carbono que evite um colapso climático planetário. A declaração foi dada na abertura da 30ª Conferência das Partes (COP30) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês), realizada em Belém. O evento prossegue até o próximo dia 21.

“Uma transição justa precisa contribuir para reduzir as assimetrias entre o Norte e o Sul Global, forjadas sobre séculos de emissões. A emergência climática é uma crise de desigualdade. Ela expõe e exacerba o que já é inaceitável. Ela aprofunda a lógica perversa que define quem é digno de viver e quem deve morrer. Mudar pela escolha nos dá a chance de um futuro que não é ditado pela tragédia. O desalento não pode extinguir as esperanças da juventude. Devemos a nossos filhos e netos a oportunidade de viver em uma Terra onde seja possível sonhar”, destacou o presidente.

Em seu discurso, o presidente citou o pensador indígena Davi Kopenawa para pedir clareza aos negociadores. “O xamã yanomami Davi Kopenawa diz que o pensamento na cidade é obscuro e esfumaçado, obstruído pelo ronco dos carros e pelo ruído das máquinas. Espero que a serenidade da floresta inspire em todos nós a clareza de pensamento necessária para ver o que precisa ser feito”.

Realizada pela primeira vez na Amazônia – bioma com a maior biodiversidade do planeta e um regulador do clima global -, a COP30 tem o desafio de recolocar o tema das mudanças climáticas no centro das prioridades internacionais.

Foto: Bruno Peres / Agência Brasil

Lula enfatizou que o aquecimento global pode empurrar milhões de pessoas para a fome e a pobreza, fazendo retroceder décadas de avanço, e lembrou do impacto desproporcional que mudança do clima causa sobre mulheres, afrodescendentes, migrantes e grupos vulneráveis, o que deve ser levado em conta nas políticas de adaptação. O presidente reafirmou o papel dos territórios indígenas e de comunidades tradicionais nos esforços de mitigação do aumento das temperaturas, pela preservação das florestas e, consequentemente, a regulação do carbono na atmosfera. “No Brasil, mais de 13% do território são áreas demarcadas para os povos indígenas. Talvez ainda seja pouco”.

Acelerar a ação climática

Lula pediu que os líderes acelerem as ações necessárias para conter o aumento da temperatura do planeta, voltou a defender um mapa do caminho para superar a dependência dos combustíveis fósseis – que causam 75% do aquecimento global -, e sugeriu a criação de um conselho mundial sobre o tema.

“Avançar requer uma governança global mais robusta, capaz de assegurar que palavras se traduzam em ações. A proposta de criação de um Conselho do Clima, vinculado à Assembleia Geral da ONU, é uma forma de dar a esse desafio a estatura política que ele merece”, pontuou.

Ao citar o chamado à ação por parte do Brasil na COP30, Lula destacou a necessidade de formulação e implementação de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, na sigla em inglês) mais ambiciosas, garantia de financiamento, transferência de tecnologia e capacitação aos países em desenvolvimento, além de priorizar políticas de adaptação aos efeitos da mudança do clima.

“A mudança do clima já não é uma ameaça do futuro. É uma tragédia do presente. O furacão Melissa que fustigou o Caribe e o tornado que atingiu o estado do Paraná, no Sul do Brasil, deixaram vítimas fatais e um rastro de destruição. Das secas e incêndios na África e na Europa às enchentes na América do Sul e no Sudeste Asiático, o aumento da temperatura global espalha dor e sofrimento, especialmente entre as populações mais vulneráveis”, observou.

“COP30 será a COP da verdade”, diz Lula na Cúpula do Clima

com informações da Agência Brasil

A Cúpula do Clima, em Belém, entra nesta sexta-feira (07/11) no seu segundo e último dia com a retomada dos discursos dos líderes e representantes dos países participantes da COP30 e sessões temáticas sobre transição energética, o Acordo de Paris, Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) e o financiamento de ações para combater a crise climática.

Chefes de Estado, líderes de governos e representantes de alto nível de mais de 70 países estão em Belém para participar da Cúpula do Clima nos próximos dois dias. Considerando embaixadores e pessoal diplomático, a lista ultrapassa uma centena de governos estrangeiros representados na capital paraense.

A Cúpula do Clima antecede a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada de 10 a 21 de novembro, também em Belém. O objetivo é atualizar e reforçar os compromissos multilaterais para lidar com a urgência da crise climática. Na prática, a Cúpula do Clima busca dar peso político às negociações que se seguirão pelas próximas duas semanas de COP30.

Abertura

Ontem (06/11), na abertura, o presidente Lula fez um chamado para que os países tomem ações concretas dos países para conter a elevação da temperatura global. O Relatório sobre a Lacuna de Emissões 2025, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) mostra que está cada vez mais difícil alcançar a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C, exigindo medidas mais contundentes para reverter o cenário catastrófico.

“A COP30 será a COP da verdade. É o momento de levar a sério os alertas da ciência. É hora de encarar a realidade e decidir se teremos ou não a coragem e a determinação necessárias para transformá-la”, disse Lula durante a abertura da Cúpula do Clima.

Fome e pobreza: presidente Lula discursa na sede da FAO e cobra articulação entre os países

com informações da Agência Gov

O presidente Lula discursou no evento que celebra os 80 anos da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), nesta segunda-feira (13/10), em Roma, sede da organização.

Lula voltou a insistir que a comunidade internacional precisa inverter as prioridades e investir no combate à fome, raiz e símbolo maior das desigualdades sociais.

De acordo com o presidente, 670 milhões de pessoas no planeta passam fome. Ele destacou, ainda, que é essencial um trabalho articulado de todos os países. “A palavra-chave é levar a humanidade a se indignar contra a fome. Num mundo que produz alimento suficiente, que não tem problema de produção, não tem explicação 670 milhões de pessoas ainda não terem o que comer”, disse o presidente.

Segundo Lula, outra chave para a questão é o financiamento adequado e consistente. “Sejamos claros: sem recursos financeiros não haverá transformação. Ano passado a ajuda oficial ao desenvolvimento registrou queda de 23% em relação aos níveis pré-pandêmicos. Essa retração atinge em cheio os países mais pobres e endividados, sobretudo na África, onde a insegurança alimentar cresceu de forma alarmante. Se não agirmos com urgência, em 2030 ainda teremos quase 9% da população mundial vivendo em situação de extrema pobreza”, alertou.

ONU: presidente Lula critica sanções dos EUA e defende soberania brasileira

com informações da Agência Brasil

Ao discursar na abertura da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou as sanções tarifárias impostas pelos Estados Unidos afirmando que o mundo assiste ao aumento do autoritarismo. “O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta organização [ONU] está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões a política do poder, atentados à soberania, sanções arbitrárias. E intervenções unilaterais estão se tornando regra”, afirmou.

Foto: TV Gov / EBC / Reprodução

Para Lula, existe “um evidente paralelo” entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia. “O autoritarismo se fortalece quando nos omitimos frente a arbitrariedades. Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, da soberania e do direito, as consequências são trágicas”. 

“Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades. Cultuam a violência. Exaltam a ignorância. Atuam como milícias físicas e digitais e cerceiam a imprensa. Mesmo sob ataques sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há 40 anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais”, disse o presidente.