Mercado floricultor brasileiro deve encerrar 2025 com crescimento entre 6 e 8%

O setor de floricultura no Brasil segue em trajetória de expansão e deve manter o ritmo de crescimento nos próximos anos. Segundo Renato Opitz, diretor do Ibraflor – Instituto Brasileiro de Floricultura, 2025 deve registrar um crescimento entre 6% e 8% em relação a 2024. Já para 2026, a estimativa é de uma elevação adicional de 6%, demonstrando a consolidação do mercado e a ampliação contínua da demanda por flores e plantas ornamentais no país.

Além do avanço anual, o mercado vive um momento especialmente aquecido com a chegada das festas de fim de ano. De acordo com Renato, as vendas para o Natal e Ano-Novo devem crescer cerca de 9% em comparação ao mesmo período do ano passado — um desempenho impulsionado pelo maior consumo decorativo e pelo fortalecimento do hábito de presentear com flores. “Com a combinação de oferta diversificada, tradição festiva e um público cada vez mais conectado ao bem-estar proporcionado pelas plantas, o mercado floricultor brasileiro se posiciona para encerrar o ano em alta e iniciar 2026 com perspectivas extremamente positivas”, analisa o diretor do Ibraflor.

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Produtos natalinos

Entre os produtos que devem registrar maior demanda estão as flores de corte, com destaque para rosas, astromélias e lírios, muito procuradas tanto para arranjos quanto para composições festivas. As flores e plantas típicas do Natal obviamente ganham protagonismo, como poinsettias (bico-de-papagaio), cyclamens, antúrios e kalanchoes, especialmente nas cores vermelho e branco, além das versões tinturadas e decoradas com glitter, que reforçam o visual característico da temporada.

No segmento de plantas verdes, o interesse dos consumidores se volta para espécies que se tornaram símbolos da decoração natalina, como as tuias holandesa e stricta, frequentemente utilizadas como alternativas naturais às tradicionais árvores de Natal. As suculentas também seguem em alta, com destaque para as sanseviérias trançadas em forma de cone, adornadas nesta ocasião com luzes douradas ou brancas, o que as transforma em peças decorativas elegantes e acessíveis.

Robot uses light for early diagnosis of diseases in cotton and soybeans

An autonomous robotic system, which operates at night, called LumiBot, is capable of generating data that allows the construction of models for early diagnosis of nematodes in cotton and soybean plants, even before symptoms appear. Once developed by Embrapa Instrumentation  in partnership with the Mixed Cooperative Union for Agribusiness Development (Comdeagro), Mato Grosso, Brazil, LumiBot emits ultraviolet-visible light onto plants and analyzes the fluorescence captured in images of the leaves, with scientific cameras.

Cotton and soybean farming have enormous economic relevance for the country, as a record harvest is forecast for the 2025/26 crop year: 4.09 million tons of lint and 177.67 million tons of soybeans, according to estimates from the Brazilian National Supply Company (Conab). However, both crops face the threat of the microscopic parasite measuring 0.3 to 3 millimeters in length.

Accuracy rates above 80%

The robot is a prototype but has already shown promising results in diagnosing nematode infections in experiments in a greenhouse, when around seven thousand images were collected over three years of research.

“We were able to generate data and models that not only have accuracy rates above 80%, but also differentiate diseases caused by water stress,” says Débora Milori, the researcher who coordinates the study and the National Agrophotonics Laboratory (Lanaf).

The next stage of the study will be the development of equipment for field operations, such as adapting the optical apparatus to fit an agricultural vehicle like a grasshopper sprayer or rover vehicle.

Photo: Wilson Aiello

O poder dos bancos regionais: evento destaca o impacto das instituições financeiras na economia e na inclusão social

A segunda edição do Record Talks reuniu, em Brasília, representantes do setor produtivo, especialistas e autoridades públicas para discutir a agenda econômica do país. Com o tema “O Capital Transforma”, o encontro teve como foco o poder de transformação do sistema financeiro. A proposta foi analisar como bancos e instituições de crédito podem acelerar o crescimento nacional, ampliar o acesso a serviços financeiros, incentivar políticas de inovação e contribuir para a redução das desigualdades.

Um dos momentos de discussão foi sobre os bancos regionais e suas missões. Wagner Rocha, presidente do Banco do Nordeste, e Nelson de Souza, presidente do BRB, debateram o papel dessas instituições na circulação de crédito, no estímulo a cadeias produtivas e na criação de oportunidades capazes de fortalecer economias locais.

Foto: Jayme Vasconcellos / Agricultura e Negócios

Segundo os participantes, muita gente só pensa nos bancos gigantes, mas o verdadeiro motor do desenvolvimento, muitas vezes, está nos bancos regionais. Essas instituições são cruciais porque conhecem o território e têm a capilaridade e o conhecimento das necessidades locais, dando crédito para a pequena empresa que o grande banco ignora e financiando a inovação que gera emprego nas pequenas localidades.

Com o foco regional, o BRB, por exemplo, investe onde o dinheiro é mais necessário (infraestrutura local, agronegócio regional, micro e pequenas empresas). E o Banco do Nordeste, por sua vez, permite a inclusão financeira, ajudando a levar serviços bancários a comunidades menores e rurais, diminuindo a desigualdade.

Projeto “Florestas e Comunidades: Amazônia Viva” busca fortalecer sociobiodiversidade e agricultura familiar

O Governo Federal, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e dos Ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar e do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, lançou o projeto “Florestas e Comunidades: Amazônia Viva”.

Foto: Tom Fisk / Pexels.com

A iniciativa, que contará com investimento de R$ 96,6 milhões e será financiada com recursos do Fundo Amazônia, vai apoiar o fortalecimento de sistemas socioprodutivos e a ampliação do acesso a mercados de alimentos e produtos da sociobiodiversidade e da agricultura familiar de base sustentável na Amazônia, com ênfase em suprir gargalos de logística, beneficiamento, armazenamento e adequação sanitária e o fortalecimento do PAA e do Sociobio Mais.

Com recursos do Fundo Amazônia, o programa vai financiar a aquisição de equipamentos e infraestrutura para impulsionar a comercialização de produtos da floresta em mercados consumidores. Entre as ações possíveis estão a compra de lanchas, a instalação de silos secadores e outras estruturas voltadas ao escoamento e beneficiamento de produtos como pirarucu, borracha, cacau, cupuaçu, entre outras riquezas da região.

Com foco direto na geração de renda, valorização cultural e manutenção da floresta em pé, o projeto beneficia agricultores familiares, incluindo povos indígenas, quilombolas e extrativistas, impulsionando cadeias produtivas sustentáveis em toda a região amazônica.

Chuvas trazem perspectiva de bom desempenho na recria do gado

A chegada da época das águas traz boas perspectivas na recria do gado, uma vez que o rebanho dispõe de uma maior disponibilidade e qualidade das pastagens para se alimentar, o que ajuda no ganho de peso. Ao mesmo tempo, é um período que traz desafios no manejo dos animais que, se não corrigidos, podem prejudicar sua saúde.

“As chuvas favorecem o crescimento e desenvolvimento das forragens, o que significa abundância de pasto com maior volume de massa verde para o gado”, explica o zootecnista e diretor técnico industrial da Connan, Bruno Marson. “Além disso, em comparação à época das secas essas pastagens possuem maior teor de proteína e nutrientes que são essenciais para o desenvolvimento dos animais em fase de crescimento”, afirma.

Com o pasto de qualidade e em boa quantidade, o produtor tem a perspectiva de um alto potencial de ganho de peso e de expressar seu potencial genético. Marson fala que os animais de recria apresentam ganhos de peso diário significativos (podendo chegar a 700g a mais de 1kg/dia com suplementação adequada), com consequente redução do tempo até o abate ou da idade de entrada na reprodução.

“Com essas vantagens a propriedade consegue ter mais rentabilidade, uma vez que a produção de arrobas nessa época é mais econômica, pois se aproveita a base volumosa da pastagem, que tem custo de produção menor”, destaca.

Cuidados no manejo

As boas perspectivas da época, porém, podem ser prejudicadas por alguns fatores comuns ao período, como o aumento de doenças e parasitas. Isso ocorre porque a maior umidade e o calor produzem ambientes próprios para a proliferação de bactérias, parasitas e insetos (como carrapatos e moscas), que acarretam doenças como problemas de casco (pododermatite), mastite e verminoses.

Outro desafio do período é a formação de áreas enlameadas que causam desconforto aos animais, principalmente ao redor dos cochos de suplementação. “A diminuição de consumo também ocorre porque a chuva pode molhar o suplemento mineral nos cochos, comprometendo sua disponibilidade e palatabilidade. Para evitar esses problemas, o ideal é adotar cochos cobertos ou suplementos específicos para garantir o consumo adequado”, detalha Marson.

Foto: Divulgação / Connan

O zootecnista também lembra que o rebanho pode sofrer com diarreia ou problemas intestinais com a mudança repentina de uma dieta seca e fibrosa para uma pastagem tenra e rica, e orienta que o manejo de transição seja feito com ajustes na suplementação, para que o animal se adapte à nova alimentação.

Otimização do desempenho

O manejo proativo é fundamental para que o desempenho na recria durante as chuvas seja positivo. Uma medida que pode auxiliar nesse período é o manejo adequado da pastagem para garantir que os animais consumam forragem de boa qualidade e evitar o superpastejo e a formação excessiva de lama.

No caso da suplementação, ela deve ser feita de forma estratégica, com a escolha dos produtos dependendo dos objetivos de ganho de peso, para maximizar o aproveitamento do pasto e fornecer os nutrientes que a forragem, mesmo de boa qualidade, não supre totalmente.

Os animais também precisam ter à disposição áreas de descanso secas e de preferência sombreadas. Por fim, o produtor deve implementar na fazenda um protocolo sanitário eficaz, incluindo vacinação e controle rigoroso de parasitas internos e externos, além de atenção especial à higiene e prevenção de problemas de casco.

“Esse planejamento deve começar já na época das secas, para quando chegarem as águas tudo estar em andamento, sem necessidade de improvisações ou adaptações de última hora. Seguindo essas orientações, o desempenho na recria durante as chuvas tende a ser bastante positivo”, finaliza Marson.

Produção de soja recua 0,9% na safra 25/26, enquanto milho verão avança 1,9%

Em sua revisão mensal, a StoneX, empresa global de serviços financeiros, apresentou novos dados para a safra de soja 2025/26. Na atualização de dezembro, a consultoria ajustou para baixo a estimativa de produção nacional, agora projetada em 177,2 milhões de toneladas — ainda um recorde histórico, porém 0,9% inferior ao previsto no relatório anterior.

A redução resulta principalmente de um ajuste negativo na produtividade, apesar do leve aumento da área plantada. As irregularidades nas precipitações, especialmente em regiões de grande peso na produção brasileira, seguem impactando o potencial produtivo.

De acordo com a especialista de Inteligência de Mercado da StoneX, Ana Luiza Lodi, os estados de Mato Grosso e Goiás apresentaram cortes na produtividade estimada. “No maior produtor do país, Mato Grosso, também houve um leve recuo na área plantada, devido a atrasos no plantio e à necessidade de replantio em algumas localidades”, explica.

Embora estados das regiões Norte e Nordeste tenham registrado expansão de área, esse avanço não foi suficiente para compensar as perdas previstas no Centro-Oeste, que permanece determinante para o desempenho nacional.

Ainda segundo a especialista, o clima continuará como peça-chave nas próximas atualizações. “A consolidação do potencial produtivo dependerá do comportamento das chuvas nos próximos meses. Uma regularização das precipitações será essencial para confirmar as expectativas da safra”, destaca Ana Luiza.

Produção de milho é elevada para 26,1 milhões de toneladas

Neste levantamento, a StoneX revisou sua projeção para o milho verão 2025/26 e elevou a estimativa de produção nacional para 26,1 milhões de toneladas, aumento de 1,9% em relação ao relatório de novembro.

O ajuste foi impulsionado pelo crescimento da área prevista em estados do Norte e Nordeste, onde o plantio da primeira safra costuma ocorrer mais tarde. “Na produtividade, o Rio Grande do Sul se destacou pelo bom desenvolvimento das lavouras até o momento — embora a consolidação desse cenário ainda dependa de chuvas ao longo de dezembro”, compartilha Ana.

Assim como observado na soja, o clima permanece determinante para a definição final da safra. Apesar de a primeira safra de milho ser menor que a segunda, sua importância para o abastecimento interno no primeiro semestre segue elevada, especialmente em anos de maior volatilidade climática.

Estimativa para a segunda safra de milho registra alta de 1,1%

Na revisão de dezembro, a estimativa para a segunda safra de milho caiu para 105,8 milhões de toneladas, queda de 1,1% em relação ao mês anterior. Persistem preocupações com os atrasos no ciclo da soja, que podem afetar o início do plantio do milho safrinha — etapa que apresenta menores riscos quando implantada mais cedo.

Considerando as três safras de milho, incluindo a terceira, prevista em 2,5 milhões de toneladas, a produção total do ciclo 2025/26 é estimada em 134,4 milhões de toneladas, volume 0,6% abaixo do divulgado em novembro.

“O comportamento climático seguirá central para a definição do potencial produtivo do milho nos próximos meses”, conclui Ana Luiza.

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Reconfiguração das cadeias de suprimento globais coloca Brasil em posição estratégica, aponta relatório da ABIN

por Jayme Vasconcellos*

A edição 2026 de Desafios de Inteligência, publicação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), destaca que a reconfiguração das cadeias de suprimento globais tornou-se um dos temas mais decisivos para a segurança econômica do Brasil. O documento aponta fatores que transformaram profundamente a logística mundial — como a ascensão da China, a pandemia de Covid-19, o reposicionamento estratégico dos Estados Unidos e o uso crescente de instrumentos de “guerra econômica” entre grandes potências. Nesse cenário, o País enfrenta um “equilíbrio difícil”: precisa manter relações pragmáticas com todos os polos de poder enquanto protege setores críticos e amplia sua competitividade.

O movimento de ruptura das cadeias globais ganhou força após a pandemia, quando empresas e governos passaram a priorizar resiliência, diversificação e previsibilidade. A diretora-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, tem reiterado que “a diversificação da produção e o fortalecimento das cadeias regionais são essenciais para reduzir vulnerabilidades e evitar choques futuros”. Já a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, afirmou – ainda em 2022 – que a estratégia norte-americana de friendshoring busca “construir redes de fornecimento entre países que compartilham valores e padrões confiáveis”. Ambas as avaliações ajudam a contextualizar por que o Brasil se encontra em um ponto privilegiado — mas também desafiador — da nova geopolítica econômica.

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Para o Brasil, essa reconfiguração global abre oportunidades em áreas como agronegócio, energia, minerais estratégicos e manufaturas intensivas em recursos naturais. No entanto, o relatório da ABIN destaca que aproveitá-las depende de avanços internos: redução do custo logístico, ampliação da infraestrutura, segurança regulatória e vigilância constante sobre potenciais pressões externas, especialmente em cadeias de suprimentos sensíveis como semicondutores, fertilizantes, tecnologia e produtos farmacêuticos. O País também precisa reforçar capacidades de inteligência para monitorar riscos de coerção econômica e antecipar movimentos de potências rivais.

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Especialistas em geoeconomia reforçam que o Brasil pode se beneficiar se adotar uma postura assertiva. A economista e pesquisadora Dani Rodrik, de Harvard, observa que as próximas décadas serão marcadas por “uma geopolítica das cadeias de valor”, na qual países com recursos naturais, energia limpa e estabilidade institucional terão vantagem. Já o analista de comércio internacional Kevin Gallagher, da Universidade de Boston, destaca que economias emergentes bem-posicionadas “podem se tornar fornecedores chave para novas cadeias regionais, desde que combinem política industrial inteligente e integração estratégica”.

O relatório da ABIN conclui que a inteligência estatal terá papel decisivo na construção de um posicionamento internacional coerente, ajudando o Brasil a navegar entre EUA, China e demais polos econômicos sem comprometer autonomia ou dependência excessiva. Se bem conduzido, esse processo pode transformar o atual “equilíbrio difícil” em uma vantagem estratégica duradoura, ampliando a inserção global do país e fortalecendo sua segurança econômica.

*Jornalista, radialista e técnico em Agronegócio. Especialista em Liderança e Desenvolvimento de Equipes, é editor-chefe do Agricultura e Negócios e autor de livros sobre liderança e criatividade.

Portos em 2026: tendências e impacto na movimentação de cargas

por Rafael Simon*

O setor portuário brasileiro deve continuar a expandir em 2026, com reflexos diretos sobre as operações de elevação, amarração e movimentação de cargas. O crescimento do volume operado nos portos tende a ampliar a demanda por equipamentos e estruturas capazes de suportar cargas mais pesadas, maiores ciclos de trabalho e exigências técnicas cada vez mais rígidas.

A perspectiva para o próximo ano se fundamenta nos resultados excepcionais que o setor apresenta ao longo de 2025. Entre janeiro e setembro, os portos nacionais movimentaram 1,04 bilhão de toneladas, um aumento de 3,25% em relação ao mesmo período de 2024. Apenas em setembro, foram 120,4 milhões de toneladas, recorde para o mês e 4,84% acima de setembro do ano passado, fechando o terceiro trimestre com 378,2 milhões de toneladas em uma alta de 6% na comparação com 2024.

Os dados do Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) e da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) revelam ainda que todo este avanço foi puxado principalmente pelas cargas conteinerizadas, cujo fluxo cresceu 6,5% no trimestre, refletindo o aquecimento do comércio exterior. É interessante notar que este desempenho parece ir na contramão do fato que mais ocupou as manchetes relacionadas ao setor nos últimos meses: as tarifas impostas pelos EUA. O que acontece, porém, é que, após o tarifaço, as exportações brasileiras redirecionaram-se para outros mercados.

Em agosto, tivemos saltos de vendas para parceiros como Índia (+348%), México (+97%), Argentina (+50%) e China (+12%), enquanto o volume exportado para os EUA recuou 17%. Esses números ilustram a capacidade de adaptação do Brasil, diversificando destinos e aproveitando oportunidades globais mesmo diante de barreiras comerciais.

Os resultados positivos impactam também o segmento de amarração, elevação e movimentação de cargas. Uma área formada por profissionais e equipamentos essenciais para operacionalizar a atividade portuária, não só em termos de eficiência, mas também em aspectos de segurança, já que estamos falando de operações complexas e de elevado risco. Por isso, é importante estar atento ao desenvolvimento desse setor e às tendências para 2026.

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Perspectivas de investimentos e inovação no horizonte

O crescimento recente no setor de portos lançou bases sólidas para novos projetos, e há uma convergência de esforços público-privados para modernizar e expandir a capacidade portuária do país.

Segundo o governo federal, o Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê, até 2026, mais de R$ 47 bilhões em investimentos no setor, sendo R$ 4,7 bilhões em recursos públicos e R$ 42,5 bilhões oriundos da iniciativa privada. É a primeira vez que o programa projeta investimento privado superior ao público, um sinal de que há apetite dos investidores em aproveitar as oportunidades de infraestrutura.

Um dos vetores mais importantes para o próximo ano é o programa de concessões e arrendamentos portuários. Desde o início deste ano, o MPor trabalha com uma das maiores carteiras de licitações da história e em 2026 estão previstos pelo menos mais 21 projetos, incluindo 17 novos arrendamentos de terminais em portos públicos e 4 concessões de canais de acesso. Isso totaliza, entre 2025 e 2026, mais de 40 leilões de ativos portuários, com expectativa de atrair cerca de R$ 20 bilhões em investimentos privados para ampliações e modernizações.

Entre os projetos de destaque no pipeline está o novo terminal de contêineres de Santos, o Tecon Santos 10, cujo edital está em preparação. Esse empreendimento, considerado um dos maiores da América Latina no segmento, é visto como essencial para atender à demanda futura de movimentação e armazenagem de contêineres no país.

Estima-se que o Tecon Santos 10 atraia R$ 5,6 bilhões em investimentos privados ao longo de 25 anos, elevando a capacidade anual do complexo santista de 6 milhões para 9 milhões de TEUs (contêineres de 20 pés, unidade padrão de capacidade portuária), gerando demanda por um grande volume de novos guindastes e equipamentos de movimentação de carga.

Iniciativas inovadoras também despontam, como a concessão do canal de acesso aquaviário dos portos do Paraná (Paranaguá e Antonina) à gestão privada em um modelo inédito que visa agilizar obras de dragagem e manutenção dos canais. No campo dos terminais de uso privado, há projetos de grande porte como o novo porto da mineradora Bamin em Ilhéus (BA), voltado à exportação de minério de ferro, que figura entre os maiores investimentos privados em andamento.

No campo tecnológico e operacional, 2026 deve aprofundar tendências de inovação que já despontam nos portos brasileiros. A necessidade de ganhar eficiência para lidar com volumes crescentes torna inevitável a adoção mais ampla de automação e digitalização nas atividades portuárias. Muitos terminais já investem em sistemas operacionais integrados, IoT e análise de dados para otimizar o fluxo de cargas.  

A partir de 2026, deve aumentar o uso de guindastes automatizados ou semiautônomos, sistemas de gate inteligentes, uso de inteligência artificial no controle de tráfego de contêineres e plataformas digitais de monitoramento em tempo real das operações.

Crescimento impulsiona demanda por equipamentos de elevação e movimentação

Para o segmento da amarração, elevação e movimentação de cargas, esse panorama traz grandes oportunidades de crescimento e inovação, ao mesmo tempo em que exige compromisso contínuo com a qualidade, segurança e eficiência. A infraestrutura portuária está sendo colocada à prova para atender volumes maiores, o que exige equipamentos robustos, confiáveis e eficientes de içamento, como guindastes de cais, pontes rolantes, transtêineres, empilhadeiras de grande porte, entre outros.  

Nesse cenário, cresce a necessidade de cabos de aço de alta resistência, cintas tubulares e sling, lingas de 4 pernas do tipo aprovado e cabos navais. Estes e outros dispositivos para movimentação, elevação e amarração de cargas são fundamentais para garantir a segurança e a produtividade. Empresas especializadas que atuam no fornecimento de soluções para elevação e movimentação de cargas devem ter um relacionamento estratégico com os operadores em terminais e disponibilizar produtos certificados aliados a suporte técnico de alta qualidade.

As demandas atuais e futuras seguem desafiadoras. E com navios maiores e cargas mais pesadas circulando, qualquer falha em um cabo, cinta ou dispositivo de içamento pode significar desde atrasos logísticos até riscos à integridade das pessoas e mercadorias. Investir em manutenção preventiva, inspeções frequentes e na capacitação de pessoal para manuseio correto desses equipamentos também deve ser uma prioridade para operadores portuários preocupados em acompanhar o ritmo de crescimento sem comprometer a segurança.

Mercado aquecido para equipamentos de movimentação

Do ponto de vista de mercado, vive-se um momento bastante aquecido para os fornecedores de equipamentos de movimentação portuária. Após anos de incertezas, uma série de medidas governamentais e setoriais tem destravado investimentos nesse segmento.

A prorrogação do regime tributário Reporto (incentivo fiscal para aquisição de equipamentos) até o final de 2028, por exemplo, deu segurança jurídica e estímulo para terminais tirarem projetos do papel. Segundo a Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP), diversos terminais anunciaram a aquisição de equipamentos graças à volta do Reporto, destravando investimentos na ampliação ou renovação de frota de guindastes e componentes de movimentação.

A entidade destaca que os projetos em andamento visam atender à demanda crescente, especialmente no segmento de contêineres. Entre os exemplos recentes estão as expansões de terminais em Santos (SP), que estão aumentando a capacidade e adquirindo novos portêineres, a ampliação da Portonave, em Navegantes (SC), com aquisição de gruas adicionais, e a retomada do terminal de Itajaí (SC) sob nova administração, que também envolve a compra de equipamentos modernos.

Diante desse cenário, 2026 tende a consolidar uma nova fase para os portos brasileiros, mais moderna, exigente e orientada à eficiência operacional. Para quem atua na cadeia de movimentação de cargas, o momento exige preparo técnico, capacidade de adaptação e atenção redobrada às tendências tecnológicas, regulatórias e logísticas que estão moldando o setor. Estar pronto para atender esse novo padrão de operação é não apenas uma vantagem competitiva, mas uma condição indispensável para seguir relevante em um mercado que avança em escala, complexidade e responsabilidade.

*diretor executivo da Acro Cabos de Aço.