A onda imparável: a IA está reestruturando o mercado de trabalho global

O debate sobre se a Inteligência Artificial (IA) irá apenas aumentar a produtividade ou, de fato, eliminar empregos não é mais uma questão teórica. A resposta, conforme as gigantes corporativas vêm demonstrando nas últimas semanas, está se tornando clara: a IA está reestruturando profundamente a força de trabalho e o ritmo dessa mudança é brutal.

Por muito tempo, a maioria dos CEOs hesitou em admitir publicamente que os investimentos em IA levariam a cortes de pessoal. Esse tom, porém, mudou radicalmente. As demissões anunciadas recentemente, muitas vezes sob a bandeira da “reestruturação”, revelam uma corrida implacável pela eficiência impulsionada pela automação inteligente.

Demissões e requalificação: o novo dilema corporativo

A consultoria global Accenture deu um dos sinais mais fortes dessa mudança ao desligar mais de 11.000 funcionários nos últimos três meses, parte de um programa massivo focado em incorporar a IA em sua estrutura. A mensagem é inconfundível: o futuro do funcionário depende diretamente de sua capacidade de se adaptar e utilizar a IA em suas funções. Quem não se requalifica, corre o risco de ter seu posto de trabalho absorvido pela máquina.

Outras empresas seguem o mesmo caminho. A Lufthansa já anunciou planos para cortar mais de 4.000 cargos nos próximos anos, reconhecendo que o aumento do investimento em IA torna certas funções obsoletas ou desnecessariamente duplicadas. Da mesma forma, a Salesforce cortou 4.000 membros de sua equipe de suporte ao cliente, enfatizando que sua própria solução de IA, a Agentforce, diminui a necessidade de intervenção humana em muitas tarefas.

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Mudança brutal ou esperança na estabilidade

O Diretor Financeiro (CFO) da gigante de software SAP não poupou avisos, descrevendo a transformação do mercado como “brutal”. A empresa está focada em automatizar milhares de tarefas de back office e, de forma crítica, está investindo para colocar mais de 30.000 engenheiros em ferramentas de codificação baseadas em IA. O objetivo claro é aumentar a produção e, acima de tudo, as margens de lucro.

No meio desse cenário de cortes, o Walmart, que é o maior empregador dos Estados Unidos, oferece um ponto de contraste mais otimista. A empresa reconhece que a IA irá transformar cada função em sua força de trabalho, mas se comprometeu a manter seu quadro de 2,1 milhões de funcionários estável nos próximos três anos. Seu foco será total na requalificação, uma estratégia de longo prazo que a empresa está desenvolvendo em parceria com a OpenAI.

O consenso é que a IA não é uma ferramenta passageira, mas o motor de uma reestruturação de mercado que já começou. O futuro do trabalho não está em ser contra a inteligência artificial, mas em aprender a trabalhar com ela.

Direito à informação: saiba porque esse direito é tão importante para o consumidor

A informação é um dos pilares das relações de consumo. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) garante que qualquer produto ou serviço oferecido no mercado deve trazer informações claras, precisas e de fácil compreensão.

De acordo com a advogada Lorrana Gomes, especialista em direito do consumidor, a base da defesa do consumidor é o conhecimento. “Sem informação clara, não há possibilidade de escolha consciente. É isso que protege o consumidor de práticas abusivas”, afirma.

Riscos da falta de informação

A ausência de dados adequados pode gerar sérios problemas, desde acidentes de consumo até endividamento. Por isso, a lei exige detalhes como composição do produto, prazos de validade, riscos e condições de uso. “É o mínimo necessário para que o consumidor saiba o que está adquirindo e quais são os impactos dessa decisão, a validade, o uso, os cuidados, etc., essas são bases”, explica a advogada.

Exemplos práticos

Um rótulo mal explicado em um alimento pode causar intoxicações. Uma cláusula escondida em contrato pode levar a prejuízos financeiros. Esses são pequenos exemplos dos efeitos negativos da falta de informação durante a venda de produtos ou serviços. “Por isso a informação é considerada um direito fundamental dentro do CDC, como um consumidor pode tomar uma boa decisão, pode cobrar algo se ele sequer sabe o que deve esperar daquele produto ou serviço? Ter informação é fundamental”, reforça a especialista.

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Governo libera R$ 12 bilhões para produtores rurais afetados por tragédias climáticas

Em uma medida que promete dar fôlego ao campo, o Governo Federal anunciou a liberação de R$ 12 bilhões em crédito para produtores rurais pequenos, médios e grandes, que tiveram suas lavouras prejudicadas por tragédias climáticas nos últimos anos. O programa deve alcançar cerca de 100 mil agricultores, incluindo 96% dos pequenos e médios produtores com dívidas em atraso ou renegociadas.

A iniciativa busca evitar o abandono do campo e garantir a continuidade da produção, especialmente em um contexto de mudanças climáticas cada vez mais frequentes e severas.

Como funciona a linha de crédito

O pacote prevê diferentes condições de acordo com o porte do produtor:

  • Agricultura familiar (Pronaf): até R$ 250 mil, com juros de 6% ao ano
  • Médios produtores (Pronamp): até R$ 1,5 milhão, com juros de até 8% ao ano
  • Demais produtores: até R$ 3 milhões, com juros de até 10% ao ano
  • Acima de R$ 3 milhões: condições definidas pelas instituições financeiras, considerando fluxo de caixa debilitado

Além disso, o crédito terá carência de um ano e prazo de pagamento de até oito anos, incluindo a possibilidade de quitar dívidas em atraso e Cédulas de Produto Rural (CPR) registradas até junho de 2024.

Impacto das tragédias climáticas

O programa vem em resposta a eventos extremos que abalaram o setor, como as enchentes no Rio Grande do Sul em maio de 2024, consideradas a maior catástrofe climática do estado, com perdas bilionárias na agricultura e pecuária. Para especialistas, essas medidas não são apenas emergenciais, mas estratégicas, garantindo que os produtores continuem investindo e produzindo mesmo diante de riscos crescentes.

Gustavo Zanon, CEO da Seguralta, avalia a iniciativa como fundamental não só para dar fôlego imediato, mas também para reforçar a importância da proteção no campo. “O acesso ao crédito garante que o produtor mantenha sua atividade no campo, reorganize suas contas e preserve sua renda, mesmo em momentos de dificuldade. É uma forma de dar fôlego imediato e condições reais para que a produção continue ativa”, afirma.

O que representa para o setor

O pacote representa um alívio financeiro imediato, evita que produtores abandonem o campo e garante continuidade produtiva, mantendo empregos e segurança alimentar. Para o setor, é também uma oportunidade de modernização e planejamento estratégico, estimulando investimentos em tecnologias e práticas mais sustentáveis. “Quando o produtor tem acesso a crédito estruturado e condições reais de pagamento, ele planeja, investe e protege sua produção. Isso garante continuidade no campo e fortalece toda a cadeia do agronegócio”, conclui Gustavo Zanon.