O poder dos bancos regionais: evento destaca o impacto das instituições financeiras na economia e na inclusão social

A segunda edição do Record Talks reuniu, em Brasília, representantes do setor produtivo, especialistas e autoridades públicas para discutir a agenda econômica do país. Com o tema “O Capital Transforma”, o encontro teve como foco o poder de transformação do sistema financeiro. A proposta foi analisar como bancos e instituições de crédito podem acelerar o crescimento nacional, ampliar o acesso a serviços financeiros, incentivar políticas de inovação e contribuir para a redução das desigualdades.

Um dos momentos de discussão foi sobre os bancos regionais e suas missões. Wagner Rocha, presidente do Banco do Nordeste, e Nelson de Souza, presidente do BRB, debateram o papel dessas instituições na circulação de crédito, no estímulo a cadeias produtivas e na criação de oportunidades capazes de fortalecer economias locais.

Foto: Jayme Vasconcellos / Agricultura e Negócios

Segundo os participantes, muita gente só pensa nos bancos gigantes, mas o verdadeiro motor do desenvolvimento, muitas vezes, está nos bancos regionais. Essas instituições são cruciais porque conhecem o território e têm a capilaridade e o conhecimento das necessidades locais, dando crédito para a pequena empresa que o grande banco ignora e financiando a inovação que gera emprego nas pequenas localidades.

Com o foco regional, o BRB, por exemplo, investe onde o dinheiro é mais necessário (infraestrutura local, agronegócio regional, micro e pequenas empresas). E o Banco do Nordeste, por sua vez, permite a inclusão financeira, ajudando a levar serviços bancários a comunidades menores e rurais, diminuindo a desigualdade.

Banco Master: o que acontece com o dinheiro dos clientes e como agir para não ficar no prejuízo

A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada pelo Banco Central, acende um alerta imediato para correntistas e investidores pessoa física. Na prática, o banco deixa de operar e um liquidante assume o controle para encerrar as atividades, vender bens e pagar os credores na ordem prevista em lei. “Os recursos ficam imediatamente congelados. O liquidante, nomeado pelo Banco Central, vai identificar quanto cada cliente tem a receber”, explica o advogado Stefano Ribeiro Ferri, especialista em Direito do Consumidor.

Segundo o advogado, o primeiro ponto é entender que, a partir da liquidação, correntistas e investidores passam a ser credores do banco. “O impacto é direto: contas, depósitos e investimentos emitidos pelo próprio banco são afetados. Correntistas e investidores viram credores”, afirma.

Quem tem produtos simples, como CDBs emitidos pelo próprio Banco Master, tende a estar mais protegido. “Quem tem produtos simples, como CDB, geralmente está coberto pelo FGC; quem tem produtos mais complexos pode enfrentar risco maior e depende do resultado da liquidação”, alerta Ferri, lembrando que a situação de cada cliente será detalhada na lista de credores que será preparada pelo liquidante.

A principal rede de proteção para a pessoa física é o Fundo Garantidor de Créditos (FGC). “Para a maior parte das pessoas físicas, a primeira linha de proteção é o FGC, que cobre até R$ 250 mil por CPF”, diz o advogado. Estão dentro dessa garantia contas, depósitos, poupança, CDB, LCI e LCA, sempre até o limite de R$ 250 mil por CPF por instituição. “O que estiver dentro desse limite tende a ser pago. O que ultrapassar entra na fila da liquidação”, resume. Ficam de fora fundos de investimento, produtos estruturados, valores acima desse limite e qualquer aplicação que não seja elegível à garantia do FGC.

Foto: Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil

Para quem tem investimentos, o caminho depende do tipo de produto e do valor aplicado. “Se o produto for coberto pelo FGC, o cliente só precisa aguardar a liberação da lista de credores e seguir as orientações do próprio Fundo para receber”, orienta Ferri. Já quem tem valores acima do limite de garantia passa a ser credor da massa liquidada. “Nesse caso, deve acompanhar o edital do liquidante e registrar seu crédito para tentar recuperar a diferença”. A recomendação é reunir desde já extratos, comprovantes de aplicação e contratos para facilitar o reconhecimento do crédito e evitar atrasos ou divergências no valor devido.

Os prazos também variam conforme o tipo de proteção. “O FGC costuma pagar rapidamente depois de receber a lista de credores, em alguns casos, semanas. Já a liquidação pode levar meses ou anos, porque depende da venda dos ativos do banco. Não existe prazo exato para quem está fora da garantia”, afirma o especialista. Enquanto aguarda, o consumidor deve acompanhar os comunicados oficiais do Banco Central, do liquidante e do próprio FGC, canais como site, comunicados públicos e contato com o agente responsável pela liquidação são as fontes confiáveis de informação, evitando boatos e golpes usando o caso do Banco Master como isca.

Ferri reforça que não há garantia de recuperação integral para todos. “Sim, há risco, especialmente para quem tem valores acima do limite do FGC ou produtos sem garantia”, destaca. Nesses casos, o caminho judicial pode ser necessário em situações específicas. “O Judiciário deve ser acionado quando o cliente não tiver seu crédito reconhecido, quando houver indícios de fraude, ou quando a liquidação se mostrar ineficiente. Em alguns casos, ações individuais ou coletivas podem ser o único caminho para recuperar parte das perdas”.