Mercado floricultor brasileiro deve encerrar 2025 com crescimento entre 6 e 8%

O setor de floricultura no Brasil segue em trajetória de expansão e deve manter o ritmo de crescimento nos próximos anos. Segundo Renato Opitz, diretor do Ibraflor – Instituto Brasileiro de Floricultura, 2025 deve registrar um crescimento entre 6% e 8% em relação a 2024. Já para 2026, a estimativa é de uma elevação adicional de 6%, demonstrando a consolidação do mercado e a ampliação contínua da demanda por flores e plantas ornamentais no país.

Além do avanço anual, o mercado vive um momento especialmente aquecido com a chegada das festas de fim de ano. De acordo com Renato, as vendas para o Natal e Ano-Novo devem crescer cerca de 9% em comparação ao mesmo período do ano passado — um desempenho impulsionado pelo maior consumo decorativo e pelo fortalecimento do hábito de presentear com flores. “Com a combinação de oferta diversificada, tradição festiva e um público cada vez mais conectado ao bem-estar proporcionado pelas plantas, o mercado floricultor brasileiro se posiciona para encerrar o ano em alta e iniciar 2026 com perspectivas extremamente positivas”, analisa o diretor do Ibraflor.

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Produtos natalinos

Entre os produtos que devem registrar maior demanda estão as flores de corte, com destaque para rosas, astromélias e lírios, muito procuradas tanto para arranjos quanto para composições festivas. As flores e plantas típicas do Natal obviamente ganham protagonismo, como poinsettias (bico-de-papagaio), cyclamens, antúrios e kalanchoes, especialmente nas cores vermelho e branco, além das versões tinturadas e decoradas com glitter, que reforçam o visual característico da temporada.

No segmento de plantas verdes, o interesse dos consumidores se volta para espécies que se tornaram símbolos da decoração natalina, como as tuias holandesa e stricta, frequentemente utilizadas como alternativas naturais às tradicionais árvores de Natal. As suculentas também seguem em alta, com destaque para as sanseviérias trançadas em forma de cone, adornadas nesta ocasião com luzes douradas ou brancas, o que as transforma em peças decorativas elegantes e acessíveis.

Finados mantém relevância no calendário do setor de flores e plantas ornamentais

Apesar da queda gradual no hábito de levar flores aos cemitérios, o Dia de Finados segue como uma data significativa para o mercado brasileiro de flores e plantas ornamentais. A tradição, hoje mais presente entre pessoas de idade mais avançada, ainda representa cerca de 3% do faturamento anual do setor e ocupa a 6ª posição em volume de produtos comercializados ao longo do ano. O Ibraflor – Instituto Brasileiro de Floricultura – prevê  um incremento de 7% nas vendas, em comparação  ao ano passado.

No Ceaflor, maior mercado atacadista do segmento no Brasil, produtores especializados em variedades típicas da data, como crisântemos, kalanchoes e kalandivas, se anteciparam com encomendas e já comercializaram grande parte da produção. A procura por outras flores envasadas também vem crescendo, ampliando o portfólio de produtos associados à data.

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Além das mudanças culturais, fatores como o clima extremo e a escassez de mão de obra no campo têm impactado diretamente a produção. Dirceu Hasimoto, da Mix Flores (Atibaia/SP), que atua no Ceaflor, reduziu em 20% sua produção de kalanchoes e kalandivas em relação a 2024. A decisão foi motivada pelo aumento dos custos e pela dificuldade de encontrar trabalhadores, embora toda a produção já esteja vendida. “O custo de produção subiu muito e não conseguimos repassar. Por isso, optamos por atender apenas clientes que garantiram a compra. Em Finados, vendemos cerca de cinco vezes mais do que em uma semana comum, mas não temos equipe suficiente para atender toda essa demanda”, explica Hasimoto.

Mesmo diante dos desafios, há quem aposte na expansão. O engenheiro agrônomo e produtor rural Caio Shiroto, da Flora Shiroto, aumentou em 20% a produção de crisântemos no pote 15 e da variedade Bola Belga. “Percebemos um aumento na demanda e decidimos investir. Como Finados cai em um domingo este ano, há mais chances de as pessoas irem aos cemitérios prestar homenagens”, comenta.

Caio destaca, no entanto, que produzir crisântemos para Finados exige atenção especial às variações climáticas. Mesmo com o plantio realizado na mesma época, algumas variedades florescem antes do previsto, enquanto outras atrasam. Para lidar com isso, ele tem investido em tecnologias que ajudam a mitigar os efeitos do clima.

Outro ponto crítico de se produzir para datas especiais, segundo o produtor, é a escassez de mão de obra e a necessidade de reservar áreas específicas para essa produção sazonal. “A falta de trabalhadores sobrecarrega as atividades semanais, e a estufa fica ociosa em parte do ano, o que eleva os custos. Hoje, o produtor precisa fazer contas e avaliar o que é mais viável para seu modelo de negócio”, conclui.

O presidente do Ceaflor, Antônio Carlos Rodrigues, reconhece o empenho dos produtores em se reinventar e abastecer o mercado com variedade e qualidade. “Além dos tradicionais crisântemos, outras flores envasadas passaram a integrar o portfólio da data, como antúrios e até algumas espécies de plantas verdes. Finados continua sendo uma data relevante para o setor e é trabalhada com dedicação por nossos produtores”, afirma.