Especial COP30 – Agro brasileiro e a transição energética global: soluções de bioenergia na COP30

por Jayme Vasconcellos*

À medida que o mundo converge para a COP30, o Brasil se apresenta como um ator incontornável na descarbonização e segurança energética global. Longe de ser apenas um fornecedor de commodities, o agronegócio nacional emerge como líder em bioenergia e biocombustíveis, oferecendo soluções concretas para substituir fontes fósseis.

A experiência brasileira em biocombustíveis, especialmente a produção de etanol e biodiesel em larga escala, confere ao país uma autoridade única no debate. Conforme apontou Roberto Rodrigues, enviado especial da COP30 para a agricultura, em declaração recente, “o documento [do setor] mostra que a tecnologia e a ciência fizeram com que o Brasil desse um salto extraordinário de produção tropical sustentável. E entram todas as atividades produtivas, grãos, proteínas, a agroenergia também”.

O avanço gera impacto econômico real. Dados de mercado indicam que o RenovaBio, programa brasileiro de incentivo aos biocombustíveis, já estimulou bilhões em investimentos para expansão da capacidade produtiva. Esta bioenergia não apenas reduz a pegada de carbono do transporte, mas também oferece um modelo de integração entre produção de alimentos e energia limpa. O setor defende que o país precisa assumir a dianteira nas negociações climáticas, propondo padrões internacionais que valorizem a biorrevolução na agricultura.

Foto: Chokniti Khongchum / Pexels.com

O sucesso da agroenergia brasileira reside na sua eficiência de escala e no uso de matéria-prima renovável. O etanol de cana-de-açúcar, por exemplo, é reconhecido internacionalmente por ser um dos combustíveis líquidos de menor emissão. Esse protagonismo coloca o Brasil em uma posição singular para liderar a formação de uma “Aliança Global por um Sistema Agroalimentar Saudável e Sustentável“, proposta que deve ganhar tração durante a Conferência do Clima. Mostrar que a produção de alimentos e energia pode ser feita de forma limpa é a grande contribuição diplomática e técnica do agro na Amazônia.

Além disso, a diversificação da matriz de bioenergia, com o crescimento do biodiesel e do biogás a partir de resíduos, demonstra a robustez do setor em buscar soluções circulares. A pesquisa e inovação contínuas, coordenadas por entidades como a Embrapa e centros de excelência, garantem que a tecnologia desenvolvida no país possa ser replicada em outras nações tropicais. O Brasil, com seu amplo potencial de etanol e outras biomassas, está pronto para ser a principal vitrine dessa transição na conferência em Belém, solidificando sua imagem como um player global indispensável na luta contra o aquecimento global.

*Jornalista, radialista e técnico em Agronegócio. Especialista em Liderança e Desenvolvimento de Equipes, é editor-chefe do Agricultura e Negócios e autor de livros sobre liderança e criatividade.