Brasil e China terão nova rota marítima comercial

com informações da Agência Brasil

Brasil e China terão, a partir deste sábado (30/08), uma nova rota de comércio. Ela ligará o porto de Santana, no Amapá, ao de Zhuhai, na China. Segundo o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, a nova rota diminuirá custos e tempo de viagem dos produtos brasileiros até o país asiático.

“Tenho uma boa notícia: no sábado, agora, chega o primeiro navio dessa rota Zhuhai-Santana, no Amapá. Agora o Arco Norte tem mais essa alternativa de rota marítima”, anunciou Góes nesta quinta-feira (28/08) durante o programa Bom Dia, Ministro, produzido pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

A nova rota ligará o Porto Santana das Docas à chamada Grande Baía (Guangdong ‑ Hong Kong ‑ Macau), onde fica, entre outros portos, o de Gaolan, em Zhuhai – um dos principais terminais da região e ponto estratégico para o fortalecimento do comércio entre os dois países.

De acordo com o ministro, essa rota foi vista pelos governos dos dois países, com potencial para o escoamento de bioprodutos da Amazônia e do Centro-Oeste brasileiro. “As vantagens são gigantes. Na comparação com o porto de Santos, a saída de produtos por Santana ou pelo Arco Norte para a Europa diminui, por exemplo, o custo da soja em US$ 14 por tonelada. Se for para a China, a economia é de US$ 7,8 por tonelada. Isso, sem falar do além do tempo de viagem, que diminui”, acrescentou.

A vantagem, segundo Góes, agregará muito no trabalho, no lucro e na recompensa do produtor. Seja ele da Amazônia ou do centro-oeste brasileiro, além de organizar melhor a logística no país. “Daí para frente, vai da nossa capacidade. Da capacidade da Região Amazônica de articular produtos de interesse da China”, completou.

O ministro ressaltou que as cooperações entre Brasil e China têm crescido muito, potencializando ainda mais essa rota, em especial para os produtos da bioeconomia da Amazônia, região que, segundo ele, tem muito por crescer economicamente.

Brasil avalia Lei da Reciprocidade contra tarifas dos EUA

O governo brasileiro autorizou o Ministério das Relações Exteriores a iniciar o processo de aplicação da Lei da Reciprocidade Econômica contra os Estados Unidos. A medida seria uma resposta à decisão do governo de Donald Trump de impor tarifas adicionais de 50% sobre produtos brasileiros, que entraram em vigor em 6 de agosto.

O Itamaraty encaminhou à Câmara de Comércio Exterior (Camex) o pedido de análise, que deve durar 30 dias.

Em viagem ao México, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB) comentou o assunto e disse esperar que o diálogo possa resolver os impasses. “O que espero é que isso ajude a acelerar o diálogo e a negociação. O presidente Lula tem nos orientado, primeiro: soberania nacional, o País não abre mão da sua soberania. Num Estado democrático os poderes são separados, Executivo, Legislativo e Judiciário e, de outro lado, o diálogo e negociação. Essa é a disposição do Brasil e espero que isso até possa ajudar que a gente acelere o diálogo e a negociação”, afirmou Alckmin.

Lei da Reciprocidade

A legislação estabelece critérios para suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais adotadas por país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira.

Planilha calcula custo de produção e tratamento da madeira na propriedade rural

A madeira tratada pode ter inúmeros usos no estabelecimento rural e, pensando nisso, a Embrapa Pecuária Sul (RS) e a Universidade Federal de Pelotas) disponibilizam ao produtor uma planilha exclusiva para o cálculo do custo de produção e do tratamento dessa matéria-prima. O objetivo é aprimorar o planejamento e a gestão do recurso nas propriedades.

A planilha auxilia no cálculo do volume de madeira a ser tratada, na obtenção da quantidade de insumos necessários, na inclusão de todos os custos envolvidos no tratamento e na obtenção do seu custo por peça tratada. Caso o produtor tenha um plantio florestal na propriedade, a tecnologia também calcula o custo de produção com a opção de adicioná-lo ao custo envolvido no tratamento da madeira.

Um dos tratamentos recomendados pela Embrapa é o de substituição de seiva, considerado um procedimento simples para ser feito pelo produtor (veja Comunicado Técnico). Para isso, é preciso dimensionar o volume da madeira a ser tratada e a quantidade de água e de produtos hidrossolúveis usados no processo. Com a tecnologia, é possível fazer os cálculos automaticamente. “A planilha é um facilitador para o produtor rural calcular a quantidade de produto hidrossolúvel que será usado na sua solução preservativa. Em vez de estar fazendo uma série de cálculos, ele só vai inserir algumas informações na planilha e já vai ter automaticamente os resultados”, destaca o professor da UFPel e um dos responsáveis pela planilha, Leonardo Oliveira.

Conforme o pesquisador da Embrapa Hélio Tonini, também da equipe que desenvolveu a ferramenta, fazer esse tipo de tratamento na propriedade pode ser vantajoso, principalmente para produtores detentores de pequenas áreas florestais em monocultivos ou sistemas silvipastoris que necessitam de madeira tratada para a manutenção de cercas e demais construções rurais, reduzindo os custos com a compra de madeira e o frete até a propriedade.

Foto: Chaabani Mohamed Dhia / Pexels.com

Tonini conta que, décadas atrás, as tramas, mourões, palanques, postes etc. utilizados nas cercas das propriedades eram provenientes de espécies nativas, geralmente disponíveis no local, como o angico vermelho e a guajuvira, consideradas de alta durabilidade natural. “A durabilidade era um fator determinante para a escolha do material utilizado, já que essas peças de madeira têm contato direto com o solo e são expostas às intempéries e a ação de fungos e insetos”, lembra o pesquisador. “Com a escassez de madeiras nativas de alta durabilidade natural, passou-se a confeccionar essas peças a partir da madeira de eucalipto, normalmente de plantios mais jovens e mais suscetíveis à degradação por agentes decompositores e que necessitam de tratamento com substâncias químicas, capazes de protegê-la da biodegradação e de prolongar sua vida útil”, explica.

Com o tratamento, a madeira tem durabilidade, no mínimo, cinco vezes maior. “Por exemplo, se nós colocarmos em contato com o solo, uma cerca com madeira de eucalipto sem nenhum tratamento vai durar de dois a três anos, no máximo, e vai se degradar. Entretanto, se fizermos o tratamento dessa peça, ela vai durar 15 anos ou mais. Portanto, a gente prolonga o uso e estende a vida útil desse material, e o produtor vai ter madeira com maior durabilidade dentro da sua propriedade” explica.

Cana-de-açúcar corresponde a 16,9% da oferta de bioenergia no Brasil

A bioenergia já representa quase 30% da matriz energética brasileira. Entre suas fontes está a biomassa de cana, por exemplo, — matéria orgânica proveniente da cana-de-açúcar que pode ser usada como fonte de energia —, contribuindo com 16,8% desse total, segundo o Observatório de Bioeconomia da FGV (Fundação Getúlio Vargas).

Esse cenário tende a se expandir ainda mais no país. Dados recentes da Mobility Foresights indicam que o mercado brasileiro de bioenergia deve crescer a uma taxa composta de crescimento anual (CAGR) entre 9% e 13% até 2030, atingindo um valor estimado entre US$ 8 bilhões e US$ 12 bilhões até o fim da década.

Para o CEO da Trackfy, Túlio Cerviño, “a transição energética é um movimento inevitável e estratégico para o Brasil, representando investimentos em fontes limpas, como a bioenergia, e assegurando a sustentabilidade do país”. O especialista participou da Feira de Bioenergia 2025, em Sertãozinho (SP), evento que também colocou a segurança e a produtividade do setor no centro das discussões.

Segundo ele, para que o setor cresça de forma sólida, é fundamental adotar tecnologias que aumentem a produtividade em campo e aumentem a segurança em ambientes de produção. “Garantir segurança em um ambiente tão complexo e estratégico como esse é de extrema importância. Estamos falando de operações industriais de alto risco; como as que envolvem silos, caldeiras e colheitas mecanizadas; onde qualquer falha pode significar não apenas prejuízos operacionais, mas perigo direto à vida dos trabalhadores”.

A Trackfy apresentou, na ocasião, tecnologias capazes de monitorar presença de trabalhadores, tempo em zonas de risco, interações com máquinas e sinais de fadiga. A solução utiliza sensores em crachás, capacetes e outros EPIs (Equipamentos de Proteção Individual), enviando os dados coletados para sistemas que analisam informações em tempo real, aumentando a segurança e tornando os processos mais eficientes. “Mostramos que a aplicação da solução da Trackfy no setor bioenergético permite, principalmente, o monitoramento em tempo real da localização, jornada e exposição dos operadores a riscos. Identificar de forma antecipada essas condições de risco, dá maior visibilidade às operações industriais e protege o trabalhador”.

Embora não existam estatísticas atualizadas específicas de acidentes no setor bioenergético, dados de áreas afins demonstram a importância dessa abordagem preventiva. O último levantamento de acidentes nesses ambientes, como no complexo sucroalcooleiro — que combina áreas agrícolas e industriais — registrou 130 mil acidentes de trabalho entre 2012 e 2020, representando 2,7% do total nacional nesse período. Mesmo com a queda no número de casos, de mais de 25 mil em 2012 para cerca de 7.800 em 2020, a média anual no campo ainda correspondeu a 39% desses incidentes, sinalizando a persistência de riscos operacionais. 

Cerviño destaca que os clientes da tecnologia da Trackfy reportaram redução de até 40% nos incidentes de segurança em áreas monitoradas e ganhos de produtividade médios de 20% no dia a dia de manutenção e operação, ao otimizar fluxos e reduzir tempos de parada não programada, por exemplo.

Outros resultados nas operações falam por si. “Já tivemos casos em que as empresas reduziram 1,5% em custos com seguro, enquanto diminuíam em 50% o tempo médio nas evacuações de emergência e encurtavam em 25% os cronogramas de projetos. Com a tecnologia aplicada ao chão de fábrica, a produtividade média cresce 67%, com retorno sobre o investimento até 50 vezes superior ao valor investido, ao mesmo tempo em que as empresas melhoram de forma consistente a experiência e a segurança dos trabalhadores”, afirma o CEO.

Mercado em expansão

Segundo a International Energy Agency (IEA), a bioenergia moderna — que inclui biocombustíveis, biogás e biomassas energéticas avançadas — representa cerca de 6% da oferta total de energia global e corresponde a quase 55% de toda a energia renovável moderna. Essa referência é em relação ao consumo total de energia, não especificamente à parcela de eletricidade. A participação da biomassa na geração de eletricidade global ainda é pequena, estimada em apenas 2% a 5% em média, com alguns países (como Dinamarca, Suécia e Finlândia) ultrapassando 15% graças a instalações eficientes de cogeração (CHP).

O CEO da Trackfy, Túlio Cerviño, avalia que a Feira de Bioenergia foi essencial para discutir os desafios reais da indústria. Para ele, a tecnologia não é um luxo, mas uma peça-chave para acompanhar o crescimento da bioenergia, tornando as operações mais seguras, produtivas e eficientes, tanto no Brasil quanto no cenário global.

Foto: Karl Ahnee / Pexels.com

US$ 50 milhões: fundo de investimentos busca agrotechs brasileiras

A Plug and Play, terceira investidora de capital de risco mais ativa do mundo em 2024, segundo o Pitchbook, anunciou a estruturação de um fundo de investimentos dedicado à América Latina, priorizando o Brasil. A meta é levantar US$ 50 milhões por meio de fundos e family offices que já têm histórico com a aceleradora.

A gestora de venture capital pretende concentrar seus aportes em três frentes estratégicas – energia, fintechs e agronegócio – o que explica um olhar especial para o Brasil. De acordo com a casa, cerca de 70% do capital do fundo deve ser destinado ao mercado brasileiro. “O Brasil tem uma das maiores fontes de energia limpa do mundo e tem chances de ser o hub global do agro. Além disso, o país está super avançado em fintechs, e vai continuar. Tudo isso torna o país muito competitivo para estrangeiros. O dinheiro está curto para todo mundo atualmente, mas o Brasil está barato para investimento em dólar”, afirma Igor Mazaki, CEO da Plug and Play no Brasil.

Serão escolhidas startups nos estágios iniciais (pré-seed, seed e série A), que devem receber cheques entre US$ 50 mil e US$ 2 milhões cada uma. As agrotechs ganham mais chances por estimularem um mercado competitivo e de alto crescimento. “O Brasil já se destaca no agro, seja por suas vantagens naturais, seja pelos avanços tecnológicos e inovações dos últimos anos”, comenta Mazaki.

Foto: Divulgação

O histórico da companhia no país iniciou em 2016, com o investimento na Rappi e, posteriormente, na CloudWalk, que se tornou unicórnio em 2021. Um escritório local da aceleradora foi aberto em 2019 e, desde então, a aceleradora já investiu em 39 startups na América Latina, 11 delas brasileiras. Agora, a expectativa é realizar 10 investimentos anuais no Brasil.

A plataforma atua em inovação aberta estruturada em três pilares principais: investimentos e venture capital, inovação corporativa e aceleração de startups. No primeiro, a Plug and Play trabalha com a seleção, captação e investimento em startups, conectando-as com grandes empresas nacionais e internacionais. Em inovação corporativa, a empresa auxilia grandes corporações na identificação real de problemas, conectando-as com startups alinhadas técnica e culturalmente para prover soluções, além de oferecer treinamentos de equipe e suporte na implementação de inovações. Já na aceleração de startups, ela oferece o preparo de empreendedores para escalar seus negócios globalmente, proporcionando acesso a uma rede de mentores, parceiros estratégicos e investidores.

A atenção para o Brasil vem da resiliência do mercado, o que se aplica fortemente ao agronegócio. “Vamos olhar para agrotechs que resolvam problemas em todas as áreas do agro. Há um ecossistema enorme nesse setor e, por isso mesmo, muitos gargalos e oportunidades. Esperamos encontrar soluções criadas para otimizar processos, gerar economia, aumentar a sustentabilidade, enfim, inovar da melhor maneira possível”, conclui Igor.

Governo cava pacote sem solução e agro continua enterrado em juros e tarifas

por Wolney Arruda*

O pacote de R$30 bilhões anunciado pelo governo federal como resposta emergencial ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos acendeu o alerta no setor produtivo. Nos capítulos vivos da história, os autores insistem em histórias que já têm um desfecho trágico, e nada cômico aos personagens. 

Quem acompanha os artigos, percebeu que passamos por Hollywood às lágrimas dos dramalhões mexicanos, aquecidos  pelo inferno de Dante na “Divina Comédia”, até  chegarmos  ao palco tropical do “Bem Amado”. Por meio da arte, vemos a realidade imitar a ficção.   A obra-prima de Dias Gomes, que satiriza a política brasileira com pactos, favores e improvisos, serve como espelho perfeito do momento que o agronegócio vive diante do Plano Brasil Soberano.  

Tal qual o prefeito Odorico Paraguaçu, o governo anuncia medidas grandiosas em tom triunfal, mas que no fundo escondem a fragilidade de uma estratégia construída mais para produzir manchetes do que soluções. O crédito bilionário resolve no discurso, mas deixa o problema real intocado. Afinal, de que adianta anunciar bilhões se o custo desse dinheiro, com os juros mais altos do planeta, pode transformar alívio em armadilha?

Foto: Tima Miroshnichenko / Pexels.com

Enquanto isso, na vida real do campo, o roteiro é bem menos cômico – trágico -,  e muito mais dramático. Os produtores já sentem o peso da queda da arroba desde o primeiro dia do tarifaço. A Associação dos Criadores de Mato Grosso lembra que o pecuarista vem amargando perdas de quase R$ 400 por animal abatido, o que significa uma sangria de 12 milhões de dólares diários. Nesse enredo, não há vilões caricatos ou discursos engraçados: há famílias vendo sua renda evaporar e investimentos pararem. Enquanto isso, empregos ficam à mercê da sorte. 

A Federação de Agricultura do Estado de São Paulo, em nota,  também reforça a preocupação com a falta de diplomacia. O protecionismo americano não pode ser tratado como fatalidade, como se fosse destino traçado por fado trágico. É preciso separar política de economia, retomar negociações bilaterais e construir caminhos que protejam o produtor rural, pilar da nossa economia. Caso contrário, o Brasil corre o risco de ficar encurralado em promessas de pacotes emergenciais que não resolvem o enredo principal.

O grande perigo é que essa novela, se prolongada, transforme-se em tragédia anunciada: margens cada vez mais apertadas, endividamento crescente e um agro incapaz de investir em tecnologia e sustentabilidade. A ficção de Dias Gomes, que ironizava a política, agora encontra paralelo assustador na realidade de quem produz alimentos.

E assim seguimos: de Hollywood ao sertão de Sucupira, de Dante a Odorico, em uma narrativa que parece escrita para lembrar que o Brasil insiste em improvisar onde deveria planejar. Mas ao contrário da ficção, o desfecho aqui não é opcional. O futuro do agro depende de escolhas firmes e urgentes — e não de mais um capítulo de promessas bem ensaiadas. 

A sátira sempre foi um recurso literário para rir da própria realidade. No teatro, no cinema ou nas páginas de um romance, ela nos permite encarar os absurdos com ironia, fechar o livro e colocá-lo de volta na estante. O problema é que, no Brasil, as histórias parecem se repetir, como se a memória nacional fosse curta demais para evitar o retorno dos mesmos enredos. E o custo de reler páginas já folheadas transforma a gargalhada em um esboço de sorriso — às vezes acompanhado de uma lágrima. Em Sucupira, tudo não passava de ficção. Aqui, o palco é a vida real.

*Administrador de empresas e presidente da Plantae Agrocrédito.

Transição agroecológica na agricultura familiar ganha força com proposta inovadora

Uma proposta que busca auxiliar a agricultura familiar e impulsionar a sustentabilidade no campo está ganhando corpo nos preparativos para a 3ª Conferência Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário (3ª CNDRSS), agendada para março de 2026, em Brasília. Trata-se do Programa Nacional de Financiamento e Assistência Técnica para a Transição Agroecológica (PNFATA), que surge como uma resposta aos desafios impostos pelas mudanças climáticas e pela necessidade de sistemas alimentares mais resilientes e justos.

A iniciativa propõe a criação de um programa focado em oferecer financiamento com juros zero ou altamente subsidiados e assistência técnica contínua e gratuita aos agricultores familiares que se comprometerem com a transição de seus métodos de produção convencionais para práticas agroecológicas.

“A agricultura familiar é a espinha dorsal da nossa segurança alimentar, e a transição agroecológica não é apenas uma tendência, mas uma necessidade urgente”, afirma Jayme Vasconcellos, técnico em agronegócio, jornalista e idealizador da proposta. “O PNFATA visa remover os principais obstáculos que impedem essa mudança: a falta de recursos financeiros iniciais e o acesso limitado ao conhecimento técnico especializado. Ao oferecermos essas condições favoráveis, estamos investindo não apenas na saúde do planeta, mas também na autonomia e na prosperidade das famílias rurais”, afirma.

Foto: IA / Gemini

A resiliência climática é um dos pilares centrais do PNFATA, com a agroecologia fortalecendo a capacidade dos sistemas produtivos de enfrentar eventos climáticos extremos. A sustentabilidade econômica para os agricultores familiares é outro ponto crucial, com a redução da dependência de insumos externos diminuindo custos e aumentando a autonomia. Além disso, a iniciativa valoriza a soberania e a segurança alimentar, reconhecendo o papel fundamental da agricultura familiar na produção de alimentos saudáveis e diversificados para a população brasileira.

A 3ª CNDRSS, com o tema “Construindo Políticas Públicas para o Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário com Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional”, oferece o palco ideal para debater e aprovar propostas como o PNFATA. A etapa digital da conferência está aberta para a participação popular, e a votação desta iniciativa é fundamental para que ela ganhe força e seja levada para as discussões e deliberações da etapa nacional, em Brasília.

Sua voz é essencial para transformar essa ideia em realidade! Acesse agora mesmo a plataforma de participação da 3ª CNDRSS e vote na proposta do Programa Nacional de Financiamento e Assistência Técnica para a Transição Agroecológica (PNFATA). Juntos, podemos construir um futuro mais verde, justo e próspero para a agricultura familiar brasileira e para o nosso país. Clique aqui para votar e faça a diferença!

Drones advance in Brazilian agriculture

Should I buy my own drone for agricultural spraying or hire a service provider? Is there specific legislation for the practice in Brazil? Which crops are already using this technology? Are the results promising? To answer these and other questions, experts have gathered key information about agricultural spraying using the technology. Uso de drones agrícolas no Brasil: da pesquisa à prática, Document 474 [Use of agricultural drones in Brazil: from research to practice] was authored by Rafael Moreira Soares, a researcher at Embrapa Soybeans, and businessman Eugênio Passos Schröder. The document features regulatory aspects, the use of technology by service providers and farmers, analyzes national and international research findings, and describes practical examples of applications in several relevant crops.

The use of drones in agriculture has been growing both in quantity and in diversity of applications. “The most common models are battery-powered and multi-rotor or fixed-wing,” Soares explains. “They are classified according to their weight and maximum flight height, and feature countless types of hardware, software, cameras, and sensors that allow them to perform several processes, such as georeferenced mapping, monitoring, imaging, and, in the case of agricultural drones, the automated application of liquid and solid products,” the scientist details.

The researcher reports that agricultural drones have unique characteristics in their spraying process, differentiating them from both ground-based sprayers and agricultural aircraft, and thus represent an intermediate technology between those systems. “Therefore, a careful analysis before adoption is essential to ensure that the technology adds benefits to agricultural activity,” Soares argues.

Foto: Quang Nguyen Vinh / Pexels.com

He explains that data and research are still lacking to determine, for instance, application rate, working speed and height, spraying range, droplet deposition and uniformity, drift, product mixing, and biological target control. “Some inherent advantages of drone spraying require no research proof, although measuring some of these advantages could provide valuable insights into the use of the technology,” he states.

The scientist also underscores that the area still requires further studies, as equipment rapidly evolves and modernize year after year. “It’s an incessant effort because, in addition to the machine updates, the diversity of crops, products, and targets involved is also constantly increasing,” Soares observes.

For the researcher, an example of a shift in technology is the trend towards adopting rotor heads in the main drone models currently used on the market, replacing traditional hydraulic nozzles. “The rotor head consists of a tip with a high-speed rotating disc that splits the liquid into drops and offers the option of controlling droplet size. This can increase the uniformity of the droplet spectrum compared to hydraulic nozzles, as it eliminates drops that are so small that cause drift,” he explains, stressing that most rotor heads can operate with droplets ranging from little to ultra-large.

Regulations on the use of agricultural drones

Unmanned aerial vehicle (UAV) or remotely piloted aircraft (RPA) are the most commonly used terms for the popular drones in official Brazilian regulations. According to Soares, farmers or companies providing aerial spraying services that have doubts about their compliance with legislation can consult several sources. One such source is the website of the National Union of Agricultural Aviation Companies (Sindag), which gathers the main legal requirements. “It’s important to be aware of all current legislation and meet the requirements so that there are no problems with regulatory agencies and to maintain the safety of aerial applications,” Soares says.

According to Soares, as drones are equipment that broadcast radio frequencies, they need to be approved by the National Telecommunications Agency (Anatel), a Brazilian Government agency responsible for regulating all telecommunications infrastructure in the country. Soares also says that the National Civil Aviation Agency (Anac), another federal agency,is responsible for regulating and overseeing civil aviation activities and aeronautical and airport infrastructure in the country. Meanwhile, the Department of Airspace Control (Decea) manages activities related to the control of Brazilian airspace, flight protection, search and rescue services, and telecommunications by the Air Force Command, and thus are the ones that authorize flights in restricted areas, for instance.

In addition to the regulations of the agencies described, the Brazilian Ministry of Agriculture and Livestock (Mapa) establishes specific rules for the operation of remotely piloted aircraft intended for the application of pesticides and similar products, adjuvants, fertilizers, inoculants, corrective products and seeds.

Tips and important information about agricultural drones

Advantages of agricultural drones:

• Removal of human operators from the area to be sprayed, reducing health hazards they could be exposed to

• Independence from traffic conditions on the ground

• No soil compaction or crop lodging caused by ground-based spraying machines

• Low water consumption

• Traceability (data records and application map)

Key factors to consider when using agricultural drones, whether to start a spraying business or to own one:

• Legislation: understanding national, state, and municipal regulations for drone operation, including specific obligations related to spraying agrochemicals

• Equipment: selection of drone type, onboard technology, cargo capacity, and other technical specifications that relate to spraying needs, according to the intended use

• Technical training: specific training on drone operations and on how to correctly apply agrochemicals

• Financial investment: detailed financial planning, considering the costs of acquiring equipment, management software, insurance, regular and emergency maintenance, labor, and other costs. Farmers should consider whether the drone will supplement or replace existing spraying technologies

• Market identification: analysis of potential market, including predominant characteristics of the areas to be served, crop demands, competition, and general technology trends

• Strategic partnerships: collaborations with companies or organizations in the agricultural sector, such as farmers, cooperative unions, farmers’ associations and drone manufacturers

O agro contra o Plano Clima: entenda por que o setor mais produtivo do Brasil vê o novo documento do Governo como uma ameaça real

O novo Plano Clima do Governo Federal, uma proposta de política pública para combater as mudanças climáticas, tem sido alvo de fortes críticas do agronegócio, que acusa o documento de concentrar a responsabilidade de redução de emissões no setor. A preocupação é que essa abordagem possa fragilizar a competitividade do agronegócio brasileiro no mercado internacional, que já está cada vez mais atento às emissões de carbono na produção de alimentos.

O agro como vilão ambiental

O cerne da controvérsia está na forma como o Plano Clima distribui a responsabilidade pelo corte de emissões de gases de efeito estufa. Segundo a proposta, o setor de agricultura e pecuária deveria responder pela maior parte da redução das emissões brasileiras na próxima década. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) contesta a medida, alegando que o plano desconsidera os avanços e as práticas de sustentabilidade já adotadas pelo setor, como o uso de bioinsumos e a integração lavoura-pecuária-floresta. Eles argumentam que a metodologia de cálculo usada no plano superestima as emissões do agronegócio e ignora a capacidade de remoção de carbono das áreas de preservação em propriedades rurais.

Para o setor, ao atribuir a maior carga ao agronegócio, o Plano Clima o posiciona como o “vilão” ambiental, enquanto outros setores da economia, como energia e transportes, teriam margem para aumentar suas emissões.

Alerta sobre barreiras comerciais

A principal preocupação dos produtores rurais é o impacto dessas metas na exportação. À medida que países e blocos econômicos, como a União Europeia, adotam regulamentações mais rígidas relacionadas ao meio ambiente, a atribuição de uma grande carga de emissões ao agronegócio brasileiro pode se traduzir em barreiras comerciais. Essa situação poderia prejudicar a imagem do Brasil no exterior e a sua capacidade de competir com outros mercados.

O agronegócio defende que, para o país cumprir suas metas climáticas, a estratégia deve ser mais equilibrada e transparente. A ideia é que haja o reconhecimento dos esforços já realizados e que os planos setoriais sejam elaborados com a participação ativa de todos os envolvidos, incluindo os produtores, para evitar que o Brasil pague um preço alto no mercado internacional.

Parlamentares da FPA discutem o Plano Clima e suas implicações para o setor (Foto: Jayme Vasconcellos / Vasconcellos & Associados)

Como ficam os preços de pescados, frutas, carnes e café no Brasil com tarifaço dos EUA?

As tarifas de importação de até 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, em vigor desde 6 de agosto, têm gerado impactos significativos no mercado interno brasileiro. Alimentos como pescados, frutas, carnes e café, que possuem forte presença no mercado americano, estão sendo redirecionados para o consumo doméstico, o que pode aumentar a oferta e pressionar os preços para baixo no curto prazo.

No entanto, especialistas alertam para o risco de retração na produção e possível alta de preços a médio prazo. Rogério Marin, CEO da Tek Trade e presidente do Sindicato das Empresas de Comércio Exterior de Santa Catarina (Sinditrade), analisa as tendências e os desafios para o setor agropecuário brasileiro.

Pescados: queda de preços no curto prazo

O setor de pescados, especialmente a tilápia, é um dos mais afetados pela medida, pois destinou cerca de 60% das exportações aos EUA em 2024 e movimentou aproximadamente US$ 240 milhões. Com as tarifas, empresas exportadoras de tilápia já registram queda de quase um terço nas exportações para os EUA. “A tilápia é perecível, e o excedente precisa ser escoado rapidamente no mercado interno, o que deve reduzir os preços nos próximos meses”, explica Marin. Dados do IPCA-15 de julho apontam uma queda de 2,03% nos preços dos pescados, refletindo o aumento da oferta interna. Outros produtos, como camarão e lagosta, também enfrentam pressão semelhante, conforme o especialista.

No entanto, a médio prazo, a redução nas exportações pode levar a cortes na produção. A Associação Brasileira das Indústrias de Pescados estima que cerca de 20 mil empregos estão em risco devido à diminuição da demanda externa. Marin alerta: “A incapacidade de encontrar novos mercados rapidamente pode forçar empresas a reduzir a produção, o que elevaria os preços no futuro”.

Frutas: oferta elevada pressiona preços

As frutas, como manga, uva e açaí, também sofrem com o tarifaço. Em 2024, o Brasil exportou mais de 1 milhão de toneladas de frutas, com os EUA absorvendo uma parcela significativa, incluindo 77 mil toneladas de manga e uva. A Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas) projeta uma redução de até 90% nessas exportações. No Vale do São Francisco, responsável por mais de 90% das exportações de manga e uva, o preço da manga tommy caiu 4% entre 14 e 18 de julho, atingindo R$ 1,36 por quilo, e pode chegar a R$ 0,30 se o excedente não for absorvido.

“A oferta interna elevada deve beneficiar o consumidor com preços mais baixos no curto prazo, especialmente para manga e uva, que registraram queda de 4,28% no IPCA-15 de julho”, observa Marin. O açaí, por ser um produto mais voltado ao mercado interno, deve sofrer menos impacto. Contudo, a perecibilidade das frutas limita estratégias de estocagem, e produtores podem enfrentar prejuízos se os preços caírem excessivamente.

Foto: Divulgação / Freepik

Carne bovina: alívio temporário com incertezas

A carne bovina, com exportações de 532 mil toneladas para os EUA em 2024 (16,7% do total, equivalente a US$ 1,6 bilhão), enfrenta desafios significativos. A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) estima uma perda de até US$ 1 bilhão em receitas anuais. Entre 24 de junho e 21 de julho, o preço da carne no atacado caiu 7,8%, e a arroba do boi gordo recuou 7,5%, tendência que deve chegar ao varejo entre agosto e setembro.

“No curto prazo, o consumidor verá preços mais acessíveis, já que frigoríficos como JBS e Minerva estão redirecionando a produção para o mercado interno ou para outros países, como Chile e China”, diz Marin. No entanto, ele alerta que, se a demanda internacional não for recomposta, os frigoríficos podem reduzir os abates, o que elevaria os preços a médio prazo. O IPCA-15 de julho registrou uma queda de 0,36% nos preços das carnes.

Café: estabilidade com risco de queda

Diferentemente de outros produtos, o café apresentou alta de 6,8% nas cotações em Nova York entre 14 e 17 de julho, devido à expectativa das tarifas, impactando o mercado interno, onde o preço da saca de 60 quilos subiu de R$ 1.602 para R$ 1.803. O Brasil, maior exportador global, enviou quase US$ 2 bilhões em café para os EUA em 2024, representando 16,7% das exportações do produto. Apesar disso, Marin projeta que, se o volume destinado aos EUA não for absorvido por outros mercados, os estoques internos podem crescer, pressionando os preços para baixo. “O café moído já registrou queda de 0,36% no IPCA-15 de julho, mas o comportamento futuro dependerá da capacidade de redirecionar as exportações”, explica.

Perspectivas e estratégias

O governo brasileiro, liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, busca novos mercados, como Angola, México, União Europeia e China, para mitigar os impactos do tarifaço. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, expressou otimismo sobre a possível isenção de tarifas para carne, café e pescados, destacando que 65% das exportações agrícolas já foram excluídas da taxação. Produtos como suco de laranja, petróleo e minério de ferro estão isentos, aliviando parte do setor agropecuário.

Marin enfatiza a necessidade de agilidade: “Redirecionar exportações exige tempo e adaptação a exigências sanitárias e logísticas de novos mercados. Enquanto isso, o consumidor brasileiro pode se beneficiar de preços mais baixos, mas deve se preparar para oscilações no segundo semestre e em 2026”. Ele destaca que a Tek Trade também está auxiliando empresas a explorar mercados alternativos, mas o processo é complexo e pode levar meses.