EUA x Brasil: mesmo com isenções, aplicação da tarifa de 50% pode causar impacto bilionário ao comércio bilateral

A Ordem Executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevando o valor da tarifa de importação de produtos brasileiros para 50%, traz 694 exceções, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes e aeronaves civis, incluindo seus motores, peças e componentes. Também ficaram de fora do tarifaço produtos como polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos.

No entanto, café, frutas e carnes não estão entre as exceções aplicadas pelos Estados Unidos e serão taxados em 50%.

Segundo o documento, as taxas entram em vigor em sete dias, ou seja, dia 6 de agosto. Mercadorias que estão em trânsito para os Estados Unidos também ficarão de fora da taxação. A ordem justifica que os Estados Unidos consideram o Brasil uma ameaça “incomum e extraordinária à segurança nacional dos EUA”. A classificação é semelhante à adotada contra países considerados hostis à Washington, como Cuba, Venezuela e Irã.

Próximas medidas

No documento, Trump diz que a lista de exceções pode ser alterada caso o Brasil “tome medidas significativas para lidar com a emergência nacional e se alinhe suficientemente com os Estados Unidos em questões de segurança nacional, economia e política externa”.

O presidente americano também ameaça aumentar as alíquotas se o governo brasileiro tomar medidas de retaliação contra os Estados Unidos. “Por exemplo, se o governo do Brasil retaliar aumentando as tarifas sobre as exportações dos Estados Unidos, aumentarei a alíquota ad valorem estabelecida nesta ordem em um montante correspondente”.

– Confira aqui a lista de produtos que não serão taxados

Amcham Brasil

A Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) calculou que a lista de exceções da tarifa de importação de produtos brasileiros pelos Estados Unidos corresponde a 43,4% do total de US$ 42,3 bilhões comercializados entre os dois países. Com isso, cerca de US$ 18,4 bilhões em exportações brasileiras ficam de fora do tarifaço imposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

“Embora essas exceções atenuem parcialmente os efeitos da tarifa de 50% anunciada, a Amcham reforça que ainda há um impacto expressivo sobre setores estratégicos da economia brasileira. Produtos que ficaram de fora da lista continuam sujeitos ao aumento tarifário, o que compromete a competitividade de empresas brasileiras e, potencialmente, cadeias globais de valor”, destacou a entidade, em nota.

Entre os produtos fora do tarifaço que mais causam impacto em valor exportado estão combustíveis, abrangendo 76 produtos, com US$ 8,5 bilhões exportados no ano passado. Em seguida, aparecem aeronaves, abrangendo 22 produtos, que somaram mais de US$ 2 bilhões em vendas aos norte-americanos em 2024. Ferro e aço, com exportação de US$ 1,8 bilhão, e pastas de madeira (celulose), com US$ 1,7 bilhão, também são destaque na lista de exceções.

Foto: Zlau0165u00e1ky.cz / Pexels.com

ABIA

A Associação Brasileira da Indústria de Alimentação (ABIA) considera que a lista de isenções da tarifa adicional imposta pelos Estados Unidos é uma medida limitada, que poderá causar forte impacto nas exportações de produtos que desempenham papel vital na segurança alimentar e na estabilidade dos preços no próprio país importador. A imposição de altas tarifas a categorias-chave, como carnes, cafés e óleos vegetais, reflete uma assimetria que prejudica a previsibilidade do comércio bilateral e gera distorções nas cadeias de valor.

Fora da lista, o suco de laranja, com quase US$ 750 milhões exportados no primeiro semestre de 2025, foi – segundo a entidade – corretamente isento da tarifa adicional, reconhecendo a especialização brasileira e sua importância estratégica para os EUA. Por outro lado, o alto grau de dependência do mercado americano pelas carnes bovinas brasileiras, que ultrapassaram US$ 1 bilhão em exportações no mesmo período, não foi determinante para a isenção a essa categoria, o que poderá causar impactos profundos não apenas sobre os exportadores brasileiros, mas também sobre a competitividade e a estabilidade de preços no mercado norte-americano. A aplicação da tarifa de 50% aos alimentos industrializados que ficaram de fora da lista poderá representar um impacto potencial bilionário ao comércio bilateral. A título de exercício, com base nas exportações brasileiras aos EUA de US$ 2,83 bilhões no primeiro semestre de 2025, uma retração hipotética de 10% no volume de exportações do Brasil para os EUA resultaria em perdas de até US$ 570 milhões anuais em receitas externas. Como consequência, os postos de trabalho ao longo da cadeia produtiva também seriam impactados.

– com informações da Agência Brasil

Um comentário sobre “EUA x Brasil: mesmo com isenções, aplicação da tarifa de 50% pode causar impacto bilionário ao comércio bilateral

Deixe um comentário

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.