por Jayme Vasconcellos*
– com informações da Semadesc/MS e da Seapa/GO
Em meio aos desafios globais como as mudanças climáticas e a crescente demanda por recursos naturais, as florestas plantadas despontam como uma solução promissora e sustentável. Ao combinar desenvolvimento econômico e preservação ambiental, o setor demonstra potencial para moldar um futuro mais verde e próspero.
De acordo com a pesquisa Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura (PEVS) 2023, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área de florestas plantadas no Brasil alcançou 9,7 milhões de hectares em 2023, o que representa alta de 2,5%, cerca de 238 mil hectares em comparação ao ano anterior. Do total produzido pela silvicultura, 7,6 milhões de hectares são de eucalipto, utilizado majoritariamente na indústria de papel e celulose.
E os números falam por si só. O setor florestal brasileiro gera milhões de empregos, contribui para as exportações e arrecada bilhões de reais em impostos. O Brasil é o maior exportador mundial de celulose. Em 2023, 19,1 milhões de toneladas foram exportadas e os principais destinos foram China, Estados Unidos, Países Baixos e Itália. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que a celulose ocupou o décimo lugar no ranking das exportações totais do Brasil no ano passado. “O agronegócio brasileiro gerou R$ 933 bilhões em exportações em 2023, e o setor de produtos florestais faturou R$ 80 bilhões”, revela Edilson Batista de Oliveira, pesquisador da Embrapa Florestas.
Destaques nacionais
Segundo o IBGE, Minas Gerais tem a maior área coberta com espécies florestais plantadas do país, com 2,1 milhões de hectares, um aumento de 1,7% em relação ao ano de 2022. Desse total, 97,4% é ocupado por eucalipto.
Já Mato Grosso do Sul aumentou sua área com silvicultura em 15,2%, ocupando a segunda colocação no ranking de maior área de florestas plantadas, com 1,4 milhão de hectares (98% sendo de plantio de eucalipto). E os quatro maiores municípios brasileiros em termos de área de florestas plantadas estão no estado:
1º Ribas do Rio Pardo: 420,5 hectares
2º Três Lagoas: 311,9 hectares
3º Água Clara: 163,1 hectares
4º Brasilândia: 150 mil hectares
“Esses municípios são os principais polos de produção de eucalipto no estado, atraindo investimentos nacionais e internacionais para a instalação de grandes indústrias de celulose e papel, como a Suzano, Eldorado Brasil, Bracell e Arauco”, destaca Jaime Verruck, secretário da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Inovação.
Completando o pódio dos estados, está São Paulo, que registrou 1,2 milhão de hectares, um crescimento de apenas 0,1%, o que ocasionou a perda da segunda posição para Mato Grosso do Sul.
Sustentabilidade e inovação
Um dos pilares do sucesso das florestas plantadas é o compromisso com a sustentabilidade. Por meio de práticas de manejo florestal responsáveis, as empresas do setor contribuem para a conservação da biodiversidade, a proteção dos recursos hídricos e a mitigação das mudanças climáticas. “Nossas florestas são verdadeiros sumidouros de carbono, ajudando a combater o aquecimento global”, afirma Zaid Ahmad Nasser, empresário do ramo florestal e ex-presidente da Associação Paranaense de Empresas de Base Floresta (APRE).
A inovação é outro ponto forte do setor. Através de pesquisas científicas e o desenvolvimento de novas tecnologias, as empresas florestais buscam otimizar a produção, reduzir os impactos ambientais e aumentar a eficiência. “A silvicultura de precisão, por exemplo, permite um manejo mais eficiente das florestas, maximizando a produtividade e minimizando os custos”, explica Oliveira.
Visão compartilhada pelo secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Goiás. “Estamos investindo em práticas que promovem o equilíbrio entre a produção e a preservação, garantindo um futuro próspero para nossos agricultores e para o meio ambiente”, afirma Pedro Leonardo Rezende.
Impacto social e desenvolvimento regional
Além dos benefícios econômicos e ambientais, as florestas plantadas também geram um impacto social positivo. As comunidades locais são beneficiadas com a geração de empregos, a melhoria da infraestrutura e o desenvolvimento de atividades sociais. “As florestas plantadas contribuem para a fixação das pessoas no campo e para o desenvolvimento de regiões antes consideradas isoladas”, ressalta Nasser.
A qualificação da mão-de-obra é um dos desafios do governo de Mato Grosso do Sul, por exemplo. Atualmente, o setor florestal detém 15 mil empregos diretos e 12 mil indiretos na região. Para capacitar as equipes, o Sistema S tem trabalhado na oferta de cursos profissionalizantes. “Temos projetos gigantescos e vivemos uma escala de crescimento que depois acaba se estabilizando. Temos a segunda maior área do eucalipto do Brasil, e esse setor tem uma participação de 17,8 % no nosso PIB.”, conclui o secretário Verruck.
O futuro é verde
Em um mundo cada vez mais urbanizado e industrializado, as florestas plantadas representam uma alternativa promissora para um futuro mais sustentável. Ao combinar desenvolvimento econômico, preservação ambiental e responsabilidade social, esse setor demonstra que é possível conciliar crescimento e bem-estar planetário.
*Jornalista, técnico em agronegócio e editor-chefe do Agricultura e Negócios.
