DATAGRO Grãos: comercialização da soja brasileira safra 2023/24 alcança 65,7% da produção estimada

Levantamento realizado pela DATAGRO Grãos mostra que, até o final de maio, a comercialização brasileira da safra 2023/24 de soja alcançou 65,7% da produção esperada, acima dos 58,6% observados em igual período do ano passado, mas ainda muito distante dos 87,5% do recorde da safra 2019/20 e dos 72,4% da média dos últimos cinco anos.

O avanço mensal foi de 13,7 pontos percentuais, superior aos 9,4 p.p. registrados no mês anterior, aos 7,0 p.p. de 2023 e aos 7,4 p.p. da média normal. “O ritmo melhor dos negócios confirmou nossa expectativa, pois a esperada valorização dos preços efetivamente aconteceu. Também por conta da necessidade de alavancagem de recursos para a compra de insumos da safra 2024/25”, comenta Flávio Roberto de França Junior, economista e líder de conteúdo da DATAGRO Grãos.

Considerando a atual estimativa de produção em 147,6 milhões de toneladas, os produtores brasileiros negociaram, até a data analisada, 97,0 mi de t de soja. Em igual período do ano passado, esse volume de produção negociado estava menor em termos relativos e absolutos, chegando a 94,2 mi de t.

Safra 2024/25

As negociações da safra 2024/25 também apresentaram melhor avanço no período analisado. O levantamento da DATAGRO Grãos aponta para 8,6% da expectativa de produção compromissada, salto mensal de 3,4 p.p., acima dos 2,9 p.p. em semelhante época do ano passado e dos 3,3 p.p. da média plurianual. No entanto, o fluxo está aquém dos 9,4% compromissados em 2023 e muito distante dos 33,1% do recorde da safra 2020/21, além de abaixo dos 17,2% da média plurianual. Conforme exercício inicial realizado pela consultoria – a intenção de plantio sai em julho –, a projeção para safra 2023/4 é de 160,5 mi de t, o que representaria um crescimento de 9% ante a temporada atual.

Milho

As negociações da safra 2023/24 do milho de verão no Centro-Sul do Brasil também andaram de forma mais acelerada em maio. O levantamento da DATAGRO Grãos aponta para 40,4% da expectativa de produção compromissada, salto mensal de 11,0 p.p., em linha com a média plurianual, acima dos 9,5 p.p. apontados no levantamento anterior e dos 9,3 p.p. em semelhante época do ano passado. Dessa forma, a comercialização se encontra aquém dos 49,2% compromissados em igual momento de 2023 e muito distante dos 63,0% da média normal. 

“Em números absolutos, temos vendas de 7,2 mi de t, de uma safra de 17,8 mi de t. Nessa mesma época de 2023 tínhamos vendas de 9,9 mi de t”, comenta França Junior. 

A comercialização da safra de inverno 2024 da região, estimada em 81,3 mi de t, chegou a 31,7%, contra 22,8% no levantamento anterior, 34,3% na mesma data do ano passado e média plurianual de 49,0%.

AviationXP Centro-Oeste: evento movimenta mercado da aviação

A quarta edição da Aviation XP Centro-Oeste está marcada para os dias 26 e 27 de junho de 2024, no Aeroporto Santa Genoveva (no antigo Terminal de Embarque), em Goiânia. O evento de negócios vai contar com a participação de diversas empresas do setor que estão presentes na região.  Uma delas é a TAM Aviação Executiva, que conta com um Centro de Serviços no Aeroporto Santa Genoveva, desde 2022.

“Para nós, participar da AviationXP no Centro-Oeste é estratégico. Reforça nossa presença na região, coloca nossa gama de serviços na vitrine e nos permite mostrar um pouco mais da capacidade e excelência que dispomos em nosso Centro de Serviços”, afirma Danielle Nunes, diretora de Marketing e  Customer Experience da TAM Aviação Executiva.

AviationXP Centro-Oeste

A AviationXP Centro-Oeste vai reunir um público qualificado do segmento, como fabricantes, proprietários e demais players do mercado, para tratar sobre os principais temas da aviação geral atualmente. Na edição de 2023, o Aviation XP Goiânia recebeu 3.660 visitantes e 14 modelos de aeronaves. Mais informações em: https://aviationxp.com.br/centro-oeste/

Congresso Aeromédico América Latina

No mesmo local e horário, também acontecerá o 4º Congresso Aeromédico América Latina (CONAER), que promove o encontro de profissionais da saúde, pilotos, empresas e organizações, com a parceria e apoio da Associação Brasileira de Operações Aeromédicas – ABOA. Sobre o CONAER: https://www.resgateaeromedico.com.br/congresso-aeromedico-2024/

Biocompetitividade é tema do Congresso Brasileiro do Agronegócio

O 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio será promovido pela ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio) e pela B3, a bolsa do Brasil, no dia 5 de agosto, em formato híbrido, e debaterá o tema central Biocompetitividade. O evento é considerado um dos mais importantes do setor no país, por reunir autoridades, especialistas e empresários para discutir as pautas mais urgentes e relevantes para o desenvolvimento sustentável do agro nacional, norteando tendências e caminhos que proporcionem mais competitividade, produtividade e rentabilidade em todos os elos da cadeia.

A programação do Congresso contará com dois painéis: Geopolítica e Sustentabilidade, e Clube Fragmentado: O Brasil será Associado?, e uma mesa redonda que abordará o tema Competitividade e Oportunidades, que receberão representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária e de importantes entidades setoriais, líderes de consultorias e empresas de inteligência e de análise de mercado, autoridades, produtores rurais e especialistas de instituições privadas brasileiras. A palestra inaugural que tratará de biocompetitividade será ministrada por Nelson Ferreira, Sócio-Sênior e Líder Global de Agricultura da Mckinsey & Company.

Em 2023, o Congresso Brasileiro do Agronegócio contou com mais de 840 pessoas de todo o país presencialmente e mais de 6,4 mil acessos à transmissão online do evento. O público participante foi composto por empresários, líderes setoriais, autoridades públicas ligadas aos governos federal, estadual e municipal, parlamentares, além de profissionais ligados ao agro.

Serviço: 23º Congresso Brasileiro do Agronegócio – Presencial e On-Line

Tema: Biocompetitividade

Data: 5 de agosto de 2024 | Horário: das 9h às às 18h

Local: Sheraton WTC São Paulo Hotel – Av. das Nações Unidas, 12559

Informações e inscrições: https://congressoabag.com.br/

El Niño e La Niña: a influência dos fenômenos climáticos na agropecuária

O El Niño é caracterizado pelo aumento da temperatura das águas na região equatorial do Oceano Pacífico, já o La Niña age gerando a diminuição dessa temperatura na mesma área. Esses dois fenômenos climáticos têm um impacto significativo nos padrões globais de temperatura e precipitação.

No Brasil, o El Niño costuma causar secas nas regiões Norte e Nordeste, enquanto o La Niña tende a trazer chuvas para essas áreas. No Sul do Brasil, o El Niño está associado a um aumento no volume de chuvas, enquanto o La Niña resulta em uma redução das precipitações.

Neste ano, o acontecimento do El Niño, somado a mudanças climáticas severas, gerou um aumento incomum do volume de chuvas na região sul do país, causando graves inundações que devastaram lavouras, comprometendo negócios e gerando incertezas para a agropecuária do Rio Grande do Sul. “Esses efeitos climáticos extraordinários estão mudando as diretrizes de controle do agro; uma coisa que no passado era esperada ou previsível, hoje, já não pode ser mais prevista ou entendida”, comenta Felipe Jordy, líder de inteligência e assessoria comercial da Biond Agro.

A chegada do La Niña no Brasil

Segundo dados do NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA), o La Niña pode se desenvolver entre junho-agosto, tendo 49% de chance de acontecer; ou julho-setembro, com uma probabilidade maior, 69% de chance. Entre setembro e outubro, início do plantio da safra verão, as chances já ultrapassam 80%. As projeções do órgão apontam – até o momento – para uma intensidade de fraca a moderada do fenômeno climático.

Numa análise extensa, desde a safra de 76/77, até a safra atual, 23/24, é possível identificar que o padrão El Niño e La Niña impactam diretamente na produtividade de soja do país, seja na média geral do país ou regional.

Em anos de La Niña, de intensidade fraca ou forte, o país tem uma vantagem produtiva em comparação aos anos anteriores, mesmo com possíveis penalidades ao Sul. “Dada a presença da La Niña, entidades e fontes do mercado já esperam uma melhor produtividade no Brasil, especialmente no Centro-Oeste, onde na safra 23/24 houve uma quebra superior a 16%, frustrando as expectativas iniciais que superaram os 160 milhões de toneladas de soja. Números acima das primeiras projeções para o ciclo atual já são esperados para a safra futura, a 24/25. Apesar das primeiras projeções, é importante citar que muitas coisas podem e devem acontecer, desde a definição do potencial produtivo nos EUA, que altera as cotações de Chicago e consequentemente a rentabilidade do produtor Brasileiro, até as definições de área e investimento no Brasil”, diz Jordy.

Como gerenciar o agro diante dos fenômenos climáticos?

O acompanhamento climático é fundamental para o setor agropecuário por diversas razões. Ele permite um planejamento agrícola mais eficiente, onde os agricultores podem tomar decisões informadas sobre o melhor momento para plantar, colher, aplicar fertilizantes e defensivos, otimizando o uso de recursos e maximizando a produtividade da fazenda.

Além disso, a previsão de eventos climáticos extremos, como secas, geadas, tempestades e enchentes, possibilita a adoção de medidas preventivas para proteger lavouras e rebanhos, reduzindo perdas significativas. Os dados climáticos também são essenciais para a gestão eficiente da água, ajustando a irrigação com base na previsão de chuvas e evitando tanto o desperdício de água quanto a escassez hídrica.

O conhecimento das condições climáticas esperadas também facilita a escolha de cultivares mais adequadas, melhorando a resistência das plantas e a produtividade. Do ponto de vista financeiro, entender as tendências climáticas ajuda os produtores a planejar, ajustar orçamentos, prever rendimentos e gerenciar riscos, o que é particularmente importante para obter financiamentos e seguros agrícolas.

“Nosso papel é gerenciar riscos, especialmente porque o clima pode afetar diretamente a oferta e a demanda, influenciando os preços no mercado. Acompanhamos atentamente as condições climáticas para que os produtores possam planejar suas ações, aproveitando as mudanças nos preços e ajustando suas estratégias de comercialização de maneira eficaz”, finaliza o especialista.

Foto: Anton Atanasov / Pexels.com

Governo anula leilão e cancela compra de arroz importado

com informações da Agência Brasil

O Governo Federal anulou o leilão realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no último dia 6 de junho e cancelou a compra das 263,3 mil toneladas de arroz que seriam importadas para o país. A informação é do presidente da Conab, Edegar Pretto, e dos ministros da Agricultura, Carlos Fávaro, e do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (11/06), no Palácio do Planalto.

Segundo Fávaro, a avaliação do governo é que, do conjunto das empresas vencedoras do leilão, uma maioria tem “fragilidades”, ou seja, “não tem capacidade financeira de operar um volume financeiro desse tamanho”. As mais de 260 mil toneladas de arroz arrematadas correspondem a 87% das 300 mil toneladas autorizadas pelo governo nesta primeira operação. No total, mais de R$ 7 bilhões foram liberados para a compra de até 1 milhão de toneladas.

“A gente tem que conhecer a capacidade [das empresas], é dinheiro público e que tem que ser tratado com a maior responsabilidade”, disse Fávaro, explicando que nenhum recurso chegou a ser transferido na operação.

As empresas participam do leilão representadas por corretoras em Bolsas de Mercadorias e Cereais e só são conhecidas após o certame. Um novo edital será publicado, com mudanças nos mecanismos de transparência e segurança jurídica, mas ainda não há data para o novo leilão.

Conflito

Também nesta terça-feira, o secretário de Política Agrícola do Mapa, Neri Geller, pediu demissão após suspeitas de conflito de interesse. Uma reportagem do site Estadão informa que o diretor de Abastecimento da Conab, Thiago dos Santos, responsável pelo leilão, é uma indicação direta do secretário. Além disso, a FOCO Corretora de Grãos, principal corretora do leilão, é do empresário Robson Almeida de França, que foi assessor parlamentar de Geller na Câmara e é sócio de Marcello Geller, filho do secretário, em outras empresas.

O ministro Fávaro confirmou que aceitou a demissão do secretário. “Ele [Geller] fez uma ponderação que, quando o filho dele estabeleceu a sociedade com esta corretora lá de Mato Grosso, ele não era a secretário de Política Agrícola, portanto, não tinha conflito ali. E que essa empresa não está operando, não participou do leilão, não fez nenhuma operação, isto é fato. Também não há nenhum fato que desabone e que gere qualquer tipo de suspeita, mas que, de fato, isso gerou um transtorno e, por isso, ele colocou hoje de manhã o cargo à disposição”, explicou Fávaro.

Filha do Combú: chocolate produzido na floresta é exemplo de empreendedorismo sustentável

Reportagem Especial: Jayme Vasconcellos* e Joyce Pires**

Tudo começou com o açaí. Até 2006, Izete dos Santos Costa, a dona Nena, vendia frutos nativos nas feiras de Belém. Aos poucos, percebendo que podia ampliar sua linha de produtos, passou a fabricar chocolate artesanal na cozinha da própria casa, na ilha do Combu, no Pará.

Comprando o cacau de pequenos produtores locais, utilizava o liquidificador doméstico para moer as amêndoas. Com o aumento da demanda, sentiu que precisava ampliar o negócio.

Era 2015 quando o ex-professor universitário e administrador de empresas Mário de Carvalho entrou na história. Ele, que tinha experiência empresarial no ramo de embalagens (olha que feliz coincidência) foi procurado pela dona Nena para fornecer – adivinha só – embalagens para os chocolates dela.

Carvalho percebeu que poderia agregar valor ao chocolate da dona Nena, fornecendo uma verdadeira experiência de consumo para o cliente. “Vimos a possibilidade de usar a produção como gancho para um turismo sustentável capaz de mudar a vida do Combu”, diz ele.

Assim surgiu a Casa do Chocolate Filha do Combu. Com a formalização, veio o acesso ao crédito e a melhoria dos processos produtivos, com a implantação de uma pequena fábrica. A empresa ganhou uma identidade visual e ampliou o portfólio disponível (geleias e licores dividem espaço com o chocolate nas prateleiras da lojinha).

Foto: Jayme Vasconcellos / Agricultura e Negócios

Visita guiada

A 15 minutos de barco da capital paraense, a ilha do Combu é famosa pelos restaurantes de comida típica e pelos igarapés onde é possível tomar banho de rio. Aproveitando o fluxo de visitantes, a Filha do Combu passou a oferecer uma visita guiada pela propriedade. É possível conhecer o processo de colheita, secagem e processamento artesanal do cacau. Ao final, uma degustação de chocolate e a visita à loja, onde pode-se comprar produtos especiais com altíssimo teor de cacau (até 100%).

Em 2023, o local recebeu 30 mil turistas. Por mês, são produzidos quase 300 quilos de chocolate e a receita mensal com a venda dos produtos chega a 125 mil reais (aproximadamente 1,5 milhão de reais / ano).

“O empreendimento da dona Nena mostra que não é preciso vender o produto apenas em sua forma primária. Essa associação entre turismo e a produção rural é a chave para que a gente possa ter, aqui na Amazônia, o desenvolvimento de forma equilibrada. As pessoas querem autenticidade, querem conhecer a história por trás dos produtos. Sabendo quem fez, como fez, a tendência é que acabem pagando um pouco mais pelo”, afirma Carvalho.

Expansão dos negócios

Uma cafeteria já está funcionando no local. Além de bolos, quitutes da culinária paraense devem estar disponíveis em breve. Outro objetivo é aumentar a linha de chocolates da casa, mesclando ao produto outros frutos típicos da Amazônia. Também devem ser lançados chocolates ao leite e adoçados com stevia. Tudo para aumentar as vendas e o faturamento em 50% até o fim de 2025, quando Belém sediará a COP 30, a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas.

Sumaúma

Recentemente os presidentes Lula e Macron, da França, visitaram o local. Fotos deles viralizaram e, agora, uma das paradas obrigatórias do passeio turístico é a enorme sumaúma que está no local há pelo menos 280 anos. A árvore tem quase 50 metros de altura e seu tronco tem mais de dois metros de diâmetro. Sua copa frondosa produz uma grande área sombreada, o que abranda o calor amazônico e permite o florescimento do cacau.

Números do cacau

Apesar de o cacau ser originário da região amazônica, o Brasil ocupa a sexta posição no ranking da produção mundial, atrás da Costa do Marfim, de Gana, do Equador, de Camarões e da Nigéria1. Por aqui, são cerca de 600 mil hectares cultivados e 75 mil produtores, sendo 60% da agricultura familiar. Nossa produção média é de 220 mil toneladas de amêndoas/ano2, mas, segundo o IBGE, o país produziu 273 mil toneladas em 20223.

Foto: Jayme Vasconcellos / Agricultura e Negócios

Os estados do Pará e da Bahia são os principais produtores da amêndoa de cacau do Brasil, responsáveis por, aproximadamente, 96% de tudo o que é produzido em território nacional. Uma pequena parcela ainda vem do Espírito Santo, Rondônia, Amazonas e Mato Grosso, além de Roraima, Amapá, Ceará, Sergipe, Minas Gerais, São Paulo, estados cuja produção está em fase inicial, e Tocantins que apresenta uma recente expansão.

Em 2022, o Brasil exportou 36 mil toneladas de chocolate e 48 mil toneladas de derivados do cacau, gerando US$ 340 milhões de dólares4. A Argentina é o destino principal, seguida por Estados Unidos e Chile. Também nos destacamos no cenário mundial por reunir todos os elos da cadeia produtiva do cacau: produção, moagem e indústria chocolateira, além de sermos um dos maiores consumidores de chocolate do planeta: 3,6 kg/per capita em 2022 (na Estônia, primeira colocada nesse ranking, o consumo médio é de 8,5 kg/per capita)5.

*Jornalista, técnico em agronegócio e editor-chefe do Agricultura e Negócios.

**Jornalista e colaboradora do Agricultura e Negócios.

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1 e 2 Fonte: ICCO – Organização Internacional do Cacau (2020)

3 Fonte: IBGE (2022)

4 Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços – MDIC (Comexstat)

5 Fonte: Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab)

Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo discute economia verde e inclusão socioeconômica

Justiça climática, economia verde e inclusão socioeconômica estiveram na pauta do Fórum Brasileiro de Microempreendedorismo que aconteceu em Brasília nesta terça-feira (11/06). O evento reuniu microempreendedores, representantes do setor público e privado, além de especialistas da sociedade civil.

“Realizar esse encontro em Brasília, com reflexões de temas tão urgentes e essenciais com os nossos parceiros do Poder Público, e com a presença de empreendedores e representantes do setor privado e da sociedade civil, é muito importante para a Aliança Empreendedora, que trabalha para conectar esse ecossistema e incentivar a disseminação de informações para que as pessoas se sintam mais seguras para empreender. Sabemos que, em muitos casos, o empreendedorismo é uma das saídas para tirar as famílias da vulnerabilidade, e isso precisa ser visto e trabalhado de forma cuidadosa”, aponta Lina Useche, fundadora da Aliança Empreendedora, entidade organizadora do Fórum.

Um dos pontos de destaque foi uma mesa de debates sobre os impactos da crise climática nos pequenos negócios e as estratégias para promover a inclusão produtiva das comunidades vulneráveis. Especialistas discutiram ferramentas para impulsionar o desenvolvimento sustentável territorial conectado à economia verde, desde políticas públicas e instrumentos de planejamento até tecnologias inovadoras e modelos de negócios sustentáveis.

A economia circular, por exemplo, que adota um modelo de produção e consumo que minimiza o desperdício e maximiza a reutilização de materiais, foi defendida pelos participantes. O fortalecimento da agricultura familiar e a promoção de práticas agroecológicas que preservam o meio ambiente e garantem a segurança alimentar das comunidades locais também foram citadas como exemplos de modelos de negócios sustentáveis.  “O desenvolvimento sustentável é um processo contínuo que exige constante aprendizado, adaptação e inovação. A busca por soluções criativas e a colaboração entre diferentes setores da sociedade são essenciais para construir um futuro mais verde e próspero para todos”, afirma Jayme Vasconcellos, jornalista, editor-chefe do Agricultura e Negócios e participante do Fórum.

Foto: Jayme Vasconcellos / Agricultura e Negócios

Como será o clima no Brasil em junho?

com informações do Instituto Nacional de Meteorologista e do Ministério da Agricultura e Pecuária

A previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) para o mês de junho indica chuvas acima da média na faixa norte da Região Norte, leste da Região Nordeste, além de áreas pontuais do Maranhão, Piauí e Ceará, associadas ao aquecimento do Atlântico Tropical. Já nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste, bem como o sul da Região Norte, interior da Região Nordeste e oeste da Região Sul, são previstas chuvas próximas e abaixo da média climatológica. Ressalta-se que, nesta época do ano, há uma tendência de redução das chuvas na parte central do País.

Considerando o prognóstico climático do Inmet para junho de 2024 e seu possível impacto na safra de grãos 2023/24 para as diferentes regiões produtoras, tem-se que a previsão de chuvas acima da média na faixa norte e leste da Região Nordeste continuará beneficiando a semeadura e início do desenvolvimento do milho e feijão terceira safras.

Enquanto isso, em áreas do MATOPIBA (região que engloba áreas do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), a previsão é de chuvas abaixo da média, o que poderá reduzir os níveis de umidade no solo, principalmente em áreas dos estados do Piauí e Bahia, ocasionando restrição hídrica para o milho segunda safra. Da mesma forma, em áreas do sul das regiões Sudeste e Centro-Oeste, parte do Paraná e oeste dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, onde também são previstas chuvas abaixo da média, poderá haver redução dos níveis de umidade do solo.

Temperatura

Quanto às temperaturas, a previsão indica que deverão ser acima da média em todo o país, principalmente na porção central, devido à redução das chuvas, com possibilidade de ocorrerem alguns dias de excesso de calor em algumas áreas. Nas regiões Norte e Nordeste, as temperaturas podem ultrapassar 26ºC. Na Região Centro-Oeste e norte da Região Sudeste, as temperaturas devem variar entre 20ºC e 24ºC, enquanto a Região Sul, são previstos valores menores, inferiores a 20ºC.

Já em áreas de maior altitude da região sul e sudeste, são previstas temperaturas próximas ou inferiores a 14ºC. Não se descartam a ocorrência de geadas em algumas localidades, especialmente aquelas de maior altitude, devido à entrada de massas de ar frio que podem provocar declínio de temperatura, o que é muito comum nesta época do ano.

Pesquisa aponta que genética do capim faz diferença na vedação de pasto

Um estudo realizado na Universidade Federal do Tocantins (UFT), indicou vantagens da Brachiaria híbrida Mavuno em condição de diferimento e em solo arenoso na comparação com um capim convencional. Um dos achados da tese, defendida no Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal Tropical da UFT, foi o baixo índice de tombamento e maior número de folhas vivas na comparação com o Marandu, variedade mais comum na pecuária brasileira.

“Como planejamos um período longo de diferimento, de 120 dias, imaginamos encontrar o pasto 100% seco. E, pelo contrário, encontramos mais folhas verdes na área do Mavuno e também uma maior relação folha/colmo do que no Marandu”, explica a autora da tese, a consultora Caryze Cristine Cardoso Sousa.

A pesquisa “Desempenho agronômico de pastos de Urochloa spp. sob distintas estratégias de manejo em solo de textura arenosa” teve como objetivo analisar como os capins tropicais respondem à diferentes intensidades de desfolhação (pastejo ou corte) e ao diferimento e sob baixo e alto suprimento de adubação com nitrogênio.

A tese, que rendeu o título de doutora para Sousa, estudou as características agronômicas do híbrido Mavuno em resposta à adubação nitrogenada e desfolhação; os efeitos que essas ações causam na planta e em seu sistema radicular e, por fim, compara Mavuno com o capim Marandu quando submetidos a 120 dias de diferimento (de março a junho nos anos de 2020 e 2021) sob doses de 50 e 150 quilos de nitrogênio por hectare.

Com relação ao comportamento do Mavuno à adubação, a pesquisa indicou sua responsividade mesmo em cenários distintos. “Se adubar ele responde bem e se for feito o manejo correto mesmo com menos investimento responde super bem também considerando aumento de massa acumulada”, resume a pesquisadora.

Diferimento

No que se refere à análise do pasto em diferimento, o estudo mostrou que a dose recomendada de nitrogênio é de 50 Kg/ha para ambas as espécies. O Mavuno, entretanto, apresentou índice mais baixo de tombamento e maior número de folhas vivas tanto nos perfilhos da base da planta quanto na parte superior, em comparação ao Marandu.

“A planta cresce em velocidade maior e acumula mais massa quando recebe nitrogênio. Mas o Mavuno manteve relação folha/colmo muito boa, o que para pasto diferido é excelente pois apesar de termos um capim seco o que se busca é ter folha. Já o tombamento seria ruim porque parte da forragem se perde por pisoteio, por exemplo”, explica a especialista.

“Como a própria pesquisa destaca, é uma característica genética do Mavuno ter um stay green maior. Seu sistema radicular robusto confere uma tolerância bem maior à seca e acelera o rebrote. O tombamento menor também é do próprio Mavuno, que produz colmos que aguentam com mais eficiência proporcionalmente à quantidade de folhas”, explica Edson Castro Junior, coordenador técnico da Wolf Sementes, empresa que desenvolveu o híbrido.

Castro Junior destaca que a tolerância de Mavuno ao estresse hídrico é especialmente relevante em solos de textura arenosa, como é o caso de Araguaína, no Tocantins, onde a pesquisa foi realizada. O especialista da Wolf reforça também a maior quantidade de folhas por perfilho. “Nas contagens o Marandu apresentou 2,4 folhas por perfilho em média enquanto Mavuno somou 2,8 folhas. É uma diferença estatística de 16% que colabora com o ganho nutricional”, completa Castro Junior.

Área com Mavuno, em época de seca, já em diferimento (Foto: Caryze Souza / Arquivo Pessoal)