Preocupação no agro brasileiro

por José Zeferino Pedrozo*

Vários acontecimentos de natureza social, política, sanitária e econômica marcaram o ano de 2022 e devem ficar registrados nos anais da história. A exacerbada polarização que impregnou todo o processo eleitoral e a preocupante condição de Nação dividida com a qual chegamos ao fim do ano será uma das marcas desse período. É preciso serenidade, maturidade, espírito público e convicção democrática de todos, mas em especial, das lideranças para que o País prossiga em sua marcha, solucionando a vida dos brasileiros e consolidando seu papel no concerto geral das nações.

Neste cenário, empresários, produtores e trabalhadores rurais iniciarão o Ano Novo com fundadas preocupações sobre o futuro da agricultura e do agronegócio. As razões para isso são os sinais – alguns, subentendidos, outros, expressos – sobre a doutrina que orientará o novo governo em relação ao setor primário da economia. Causa inquietação a dificuldade que o novo governo demonstra em reconhecer o papel do agro na economia brasileira e, pior ainda, a chancelar visões equivocadas de ativistas que desconhecem as agruras e a complexidade do setor.

Uma das insanidades em pauta é a intenção de aumentar a tributação sobre insumos e produtos do agro, ignorando que o efeito inexorável dessa medida será o encarecimento da comida na mesa do brasileiro e a perda de competitividade no mercado mundial. A história já provou que esse tipo de medida só causa inflação, fome e escassez.

Outra insensatez é a segregação da agricultura familiar e da agricultura empresarial, como se fosse possível separar uma atividade que depende dos mesmos fatores que afetam indistintamente pequenos, médios ou grandes produtores, como clima, sanidade, mercado, câmbio etc. Essa interpretação tipicamente ideológica pode conspurcar as políticas de Estado para o agro e levar mais insegurança ao campo.

A agricultura pede paz e esperança para continuar produzindo, respondendo pela segurança alimentar do Brasil e gerando mais de 100 bilhões de dólares de superávit na balança comercial. Entretanto, todas as manifestações do futuro governo causam ansiedade e preocupação porque ainda embutem conceitos equivocados sobre ao agro. A agricultura brasileira é uma das mais sustentáveis do Planeta, preserva os recursos naturais e, como resultado do intenso e crescente emprego de tecnologia, bate recordes de produtividade a cada safra. A produção agrícola e pecuária do Brasil alimenta, hodiernamente, cerca de 1 bilhão de habitantes.

Essas preocupações não são infundadas e resultam de uma simples análise retrospectiva dos governos anteriores sob a legenda do partido político que retorna ao poder em janeiro de 2023. Mas, os empresários e produtores rurais nutrem grande esperança no Parlamento, onde atuam senadores e deputados da Frente Parlamentar da Agricultura, a qual tem sido, com muita determinação e competência, a trincheira de resistência contra ideias e projetos anacrônicos e ideológicos já sepultados em todas as Nações desenvolvidas. Nesse oceano de incertezas é encorajador saber que a maioria dos congressistas que assumem em 2023 conhece e valoriza o universo da agricultura e do agronegócio e, assim, assegura a continuidade da proteção institucional que o setor necessita no Legislativo Federal.

É lamentável que além de todos os percalços, desafios e ameaças que o produtor rural e o empresário rural enfrentam corriqueiramente, somam-se as preocupações com a gestão macroeconômica do País. Nessa contextura que viverá o Brasil em 2023, o Congresso Nacional será o palco dos confrontos dessas posições ideológicas e, mais uma vez, como verdadeira casa do povo, decidirá em favor de quem trabalha, produz e sustenta o País.

*Presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar/SC)

Ministério da Economia – Nota à Imprensa: esclarecimentos sobre o atual cenário econômico

Diante da recente série de declarações infundadas sobre o atual cenário econômico, o Ministério da Economia faz os seguintes esclarecimentos:

• As declarações de que o Estado Brasileiro está “quebrado” não são compatíveis com a realidade. A Dívida Bruta do Governo Geral deverá terminar o ano representando 74% do Produto Interno Bruto (PIB) e superávit primário de R$ 23,4 bilhões, o primeiro desde 2013 (Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias – 5º Bimestre de 2022). Será o primeiro governo que encerra o mandato com endividamento em queda: em 2018, a relação dívida/PIB chegou a 75,3%. Demais países emergentes e desenvolvidos têm projeções de crescimento de dívida entre 10,6 pontos e 8,5 pontos percentuais, respectivamente, em comparação com as taxas observadas antes da pandemia. Governos anteriores ampliaram a relação dívida/PIB em quase 20 pontos do PIB sem enfrentar pandemias ou guerras como a vista no Leste europeu, sem que esses recursos se traduzissem em efetiva melhora na qualidade de vida da população.

• Graças às medidas de suporte aos entes subnacionais durante a pandemia e às ações de política econômica que resultaram em rápida recuperação da atividade no pós-pandemia, Estados e municípios registrarão o segundo ano consecutivo de superávit primário em 2022. Ainda na relação com os entes federados, as transferências por repartição de receita chegaram a 4,8% do PIB em 2022 (aproximadamente R$ 480 bilhões), maior patamar da série histórica iniciada em 1997. Cabe destacar, também, o resultado das empresas estatais que caminha para fechar 2022 na casa dos R$ 250 bilhões, depois de resultado de R$ 188 bilhões em 2021, contra prejuízos de mais de R$ 30 bilhões em 2015. A atual administração também marca outro fato inédito ao entregar o nível de despesa primária em proporção do PIB em patamar inferior ao do início do governo (18,7% do PIB em 2022 contra 19,5% em 2019).

• Os compromissos totais devidos pelo Brasil a organismos e instituições financeiras internacionais deverão somar US$ 1,23 bilhão em 2023. É quase 20% menos que o total de US$ 1,52 bilhão devidos no ano de 2016. A melhora registrada nos últimos anos ocorreu graças a um conjunto de esforços que tem como regra mais usual priorizar os pagamentos há mais de dois anos em atraso e que ponham o Brasil sob ameaça de perda de direitos de participação nos respectivos fóruns de governança. O acompanhamento direto é realizado pelos ministérios setoriais, agências e entidades vinculadas, que subsidiam o Ministério da Economia com informações para as decisões pontuais a respeito dos pagamentos e equacionamento desses passivos junto aos organismos internacionais. Importante considerar que, para 2022, o Governo havia reservado no PLOA o valor de R$ 2 bilhões para pagamento de compromissos com organismos e instituições financeiras internacionais, mas o valor foi reduzido pelo Congresso Nacional a R$ 907 milhões, o que impossibilitou maior redução dos passivos. 

• O pagamento da última parcela do reajuste dos salários dos servidores públicos, decidido em 2016 (Governo Temer), ocorreu em 2019, portanto, há três anos. Desde 2020, o Brasil e o mundo foram economicamente impactados pela pandemia da Covid-19. Diante da gravidade do cenário, o governo federal e o Congresso Nacional entenderam que a prioridade seria alocar recursos para o combate à doença em nível federal, estadual e municipal, a manutenção dos empregos e a concessão de auxílio financeiro aos mais vulneráveis, o que não permitiu a aprovação de novos reajustes aos servidores públicos até 31/12/2021 (conforme determinado pela Lei Complementar nº 173/2020, artigo 8º). Para 2023, o Projeto de Lei Orçamentária enviado ao Congresso previu R$ 10,5 bilhões para reajustes dos servidores públicos do Poder Executivo. Esses R$ 10,5 bilhões corresponderiam, de forma linear, a cerca de 5% de correção salarial. Em relação ao salário mínimo, o PLOA prevê uma alta nominal de 7,4% no salário mínimo. Com a desaceleração da inflação, portanto, prevê um ganho real do salário mínimo para 2023.

• Em continuidade à Estratégia de Governo Digital (EGD), foram previstos R$ 142 milhões no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2023 na ação “Gestão do Governo Digital”. É um valor 105% superior ao de 2021 e 53% maior que o previsto para 2022. Até novembro, o governo federal alcançou a marca de 140 milhões de brasileiros cadastrados no GOV.BR, plataforma de relacionamento do Estado com o cidadão. O número equivale a 87% da população brasileira acima de 18 anos com acesso, de forma prática, ágil e segura, a mais de quatro mil serviços públicos digitais. Os serviços disponíveis no GOV.BR correspondem a 86% de tudo o que pode ser digitalizado pela Administração Pública federal.

• O Brasil foi reconhecido pelo Banco Mundial como o segundo país do mundo com a mais alta maturidade em governo digital. A avaliação é resultado do GovTech Maturity Index 2022, divulgado em novembro, que considera o atual estágio da transformação digital no serviço público em 198 economias globais. O Brasil ocupa o segundo lugar nesse ranking, sendo líder em governo digital no Ocidente.

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Safra de grãos 2022/23 é estimada em 312,2 milhões de toneladas

com informações da Agência Brasil

A estimativa para a safra 2022/23 indica uma produção de grãos de 312,2 milhões de toneladas, 15% ou 40,8 milhões de toneladas superior à obtida em 2021/22. Os dados são do terceiro levantamento da safra de grãos, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

De acordo com o órgão, com a conclusão do plantio das culturas de primeira safra em dezembro, as atenções se voltam para a evolução das lavouras e os efeitos do comportamento climático, que deverá definir a produtividade. Com relação à estimativa anterior, anunciada em novembro, quando foram projetadas 313 milhões de toneladas de grãos, os dados mostram um ajuste no volume total em função da menor produtividade do milho e redução na área de arroz.

Ainda assim, com a área total de plantio estimada em 77 milhões de hectares, a agricultura brasileira mantém a tendência de crescimento observada nos últimos anos, também com previsão de recorde, segundo a Conab. O resultado representa um crescimento de 3,3% ou de 2,49 mil hectares sobre a área da safra 2021/22.

Nas pesquisas realizadas para esse levantamento, a evolução do plantio das culturas de primeira safra apresenta um leve atraso. Segundo a Conab, houve uma cautela natural dos produtores em um cenário climático que apresenta excesso de chuvas e baixas temperaturas, sobretudo em parte dos estados das regiões Sul e Sudeste. Há, ainda, as restrições hídricas e baixa umidade do solo na Região Centro-Oeste e no Matopiba (região produtora que engloba Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). “Ainda assim, a produção estimada para a safra 2022/23 continua recorde”, estima.

Soja e milho

No caso da soja, a terceira estimativa para a área de plantio, no atual ciclo, aponta para crescimento de 4,6% sobre a safra passada, ficando em 43,4 milhões de hectares. A conclusão do plantio está prevista para o final de dezembro e as condições climáticas vêm beneficiando as lavouras. A leve redução na produtividade foi compensada pelos acréscimos nas áreas, em especial no Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Minas Gerais. Assim, a safra de soja deve chegar a um volume recorde de 153,5 milhões de toneladas, 22,2% ou 27,9 milhões de toneladas acima da obtida na safra anterior.

Para o milho, a Conab prevê uma produção total de 125,8 milhões de toneladas na safra 2022/23, com aumento esperado de 11,2% comparado à safra anterior. O plantio do milho primeira safra avançou em todas as regiões produtoras do cereal.

Segundo a Conab, no Rio Grande do Sul a diminuição e irregularidades de chuvas em novembro, aliadas a altas temperaturas, provocaram sintomas de déficit hídrico nas plantas, afetando, principalmente, as áreas que se encontram no estágio reprodutivo. Diante disso, a Conab mantém o monitoramento das lavouras para avaliar os possíveis impactos, o que pode intensificar as quedas já registradas no rendimento do milho no estado.

Outras culturas

O arroz tem área estimada em 1,5 milhão de hectares, uma redução de 9,5% em relação à safra anterior. A produção está prevista em 10,4 milhões de toneladas, com o plantio avançando nas áreas produtoras no país. O feijão também aponta redução de 2,3% na área total a ser semeada. A produção total de feijão no país, somadas as três safras, é estimada em 2,9 milhões de toneladas.

Já o algodão deverá crescer cerca de 2,3% na área a ser semeada, totalizando 1,6 milhão de hectares, com produção prevista de 2,9 milhões de toneladas de pluma. Para o trigo, com a expectativa de aumento de 11,5% de produtividade e de 11,6% da área cultivada em relação à safra passada, este levantamento concretiza uma produção recorde de 9,6 milhões de toneladas de trigo, valor 24,4% maior que o do ciclo anterior.

Mercado

As análises de mercado mostram que para a soja em grãos, houve redução das estimativas de esmagamento em 2023, passando de 51,43 milhões de toneladas para 50,68 milhões de toneladas. O motivo para isso, segundo a Conab, é que, nesse levantamento, considerou-se que o percentual de mistura de biodiesel ao diesel nos três primeiros meses de 2023 será de 10%. Na estimativa anterior, a previsão era que esse percentual seria de 12% até março. Com essa redução no processamento de grãos prevista, as estimativas dos estoques finais de soja em grãos da safra 2022/23 passam de 5,28 milhões de toneladas para 6 milhões de toneladas.

Quanto ao milho, para a safra 2021/22 o destaque é o aumento das estimativas de exportações para 41,5 milhões de toneladas, considerando os altos volumes exportados em novembro e a boa expectativa para dezembro. Dado isso, os estoques de passagem foram ajustados para 7,1 milhões de toneladas. Para a safra 2022/23, a Conab manteve a perspectiva de aumento do consumo interno de milho e projeção de continuidade de demanda externa aquecida pelo milho brasileiro, o que em conjunto com uma maior produção brasileira, resultará em aumento de 8,4% nas exportações.

Já as estimativas para o algodão permaneceram estáveis nesse terceiro levantamento. O destaque é a redução de 0,6% dos estoques finais, em virtude da redução da produção prevista para a safra 2022/23 em relação ao último levantamento. Já na comparação com a safra 2021/22, o consumo nesta safra 2022/23 deve ser 2,1% maior e o estoque final também deverá sofrer incremento de 20,7%.

Para o arroz, em relação ao levantamento anterior, os dados destacam a projeção de queda das exportações de 1,3 milhão para 1,2 milhão de toneladas e redução dos estoques de passagem para a safra 2022/23. O boletim ressalta que esse movimento ocorre em meio a um cenário projetado de menor disponibilidade de grãos, em função da menor produção prevista e do provável cenário de melhores preços internos. Com isso, a perspectiva é de leve retração do estoque de passagem, saindo de um patamar estimado de 2 milhões de toneladas ao final de 2022 para 1,8 milhão de toneladas ao final de 2023 (redução de 8% em comparação ao projetado no mês anterior).

Para a safra de trigo, que foi iniciada em agosto de 2022 e será encerrada em julho de 2023, foram revisados tanto os números de produção quanto os de consumo interno, referente ao uso para sementes, devido ao incremento de área plantada. A estimativa de exportação também foi ajustada, passando de 2,7 milhões para 3 milhões de toneladas. Com a consolidação dos dados, a safra brasileira de trigo deve encerrar com estoque de passagem de aproximadamente 1 milhão de toneladas.

Tecnologia no campo é a chave para aumentar a produtividade da nova safra de grãos

A expectativa é de uma safra cheia em 2022/2023, em torno de 313 milhões de toneladas, segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). E, para que isso aconteça, o produtor deve estar atento a vários fatores. Além da escolha da semente, do manejo e do clima, é importante utilizar tecnologias que o ajudem na tomada de decisões e na gestão das lavouras.

“O produtor é um exímio administrador. Ele tem de controlar diversos fatores que são preponderantes para o resultado final da sua safra. Neste período, é importante ele contar com ferramentas e tecnologias que, de forma simples, o ajudam com informações em tempo real, funcionam como uma bússola na gestão da propriedade e ainda oferecerem relatórios periódicos sobre tudo o que está acontecendo nas lavouras, para o ajudar na tomada de decisões”, explica Jean Nobre, gerente de inovação e transformação digital da Agrológica.

Em uma plataforma que ajuda o agricultor a tomar decisões, armazenar dados sobre sua propriedade e seus negócios, a Agrológica, empresa de revenda de sementes e defensivos agrícolas com sete unidades em Mato Grosso, criou a ferramenta tecnológica AOL – Agro On Lógica, que é um aplicativo em que o produtor faz download em seu celular e tem facilmente acesso a informações via timeline no aplicativo ou através de relatórios enviados via WhatsApp pela equipe técnica de campo, acompanhamento geográfico de cada talhão durante a safra, fotos, áudios e vídeos gravados em tempo real nas propriedades.

“Mesmo fazendo uma gestão eficiente, o produtor se depara com desafios que fogem do seu controle, por isso a ferramenta ajuda os nossos clientes no mapeamento, planejamento e monitoramento das fazendas de forma segura e 100% gratuita. Nossa equipe de campo ajuda no planejamento de safra por cultura, monitoramento de praga (MIP), monitoramento de clima com mapas de chuva por talhão, entre outras informações”, conclui Nobre.

A Agrológica atende hoje 50% do estado de Mato Grosso.  Dentre suas soluções para o mercado, a empresa oferece várias formas de financiamento e tem investido em operações como o barter, que representa 60% dos negócios a prazo. Para esta safra,  prevê um faturamento acima de R$ 700 milhões nos segmentos de insumos e grãos, e espera dobrar a receita nos próximos três anos para safra 25/26.